A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protocolou nesta segunda-feira (25) documentos para comprovar a versão do petista de que era locatário de um apartamento em São Bernardo do Campo. Os questionamentos sobre esse imóvel foram um dos pontos de maior tensão durante o último interrogatório de Lula ao juiz Sergio Moro, no dia 13 de setembro. A tese do Ministério Público Federal (MPF) é de que o ex-presidente era o dono desse apartamento, vizinho ao que ele mora, mas tinha um falso contrato de locação e mantinha o imóvel no nome de um laranja – o aposentado Glaucos da Costamarques.
“Na ausência absoluta de qualquer elemento que pudesse dar sustentação à fantasiosa tese de que o Peticionário teria sido beneficiado com recursos provenientes de contratos com a Petrobras, a Força Tarefa da Lava Jato elegeu artificialmente uma relação privada de locação entre o Sr. Glaucos da Costamarques (locador) e D. Marisa Letícia Lula da Silva (locatária), envolvendo o citado apartamento 121 do residencial Hill House, no principal assunto da ação e dos questionamentos apresentados a Lula durante seu interrogatório em 13/09”, diz um trecho do documento apresentado pela defesa de Lula nesta segunda.
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Esse termo pede a inclusão do contrato de locação e recibos do aluguel aos autos do processo. O contrato de aluguel entre o aposentado Glaucos da Costamarques e dona Marisa Letícia mostra que o contrato de locação entre os dois passaria a valer no dia 01/02/2011, com validade de um ano, inicialmente, ao custo mensal de R$ 3,5 mil.
Os recibos anexados nesse documento são de alguns meses de 2011 a 2015. Nesse período, o aluguel variou algumas vezes – foram apresentados 26 recibos no total. De R$ 3,5 mil passou a R$ 3.660 em março de 2012. Outro salto foi em 2013, quando a locação passou para R$ 3.950. No ano seguinte, o valor subiu novamente para R$ 4.170; Em 2015, novo aumento e o aluguel passou para R$ 4,3 mil.
Depoimento quente
O interrogatório de Lula para Moro durou duas horas. Neste processo, o petista é acusado pelo MPF de receber propina por contratos da Odebrecht com a Petrobras por meio da compra de um terreno em São Paulo que seria usado para a instalação de uma nova sede do Instituto Lula. O valor total de vantagens ilícitas usadas na compra e manutenção do terreno até 2012 chegou a R$ 12,4 milhões, segundo os procuradores. A construção, porém, nunca aconteceu.
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O aluguel de um apartamento em São Bernardo também é alvo do processo referente à compra do terreno para o Instituto Lula. Segundo o MPF, R$ 504 mil foram usados para comprar o apartamento vizinho à cobertura do ex-presidente. De acordo com a denúncia, a nova cobertura, que foi utilizada por Lula, foi adquirida no nome de Glaucos da Costamarques – parente do pecuarista e amigo pessoal do ex-presidente José Carlos Bumlai –, que atuou como testa de ferro de Lula.
“Na tentativa de dissimular a real propriedade do apartamento, Marisa Letícia Lula da Silva chegou a assinar contrato fictício de locação com Glaucos da Costamarques, datado de fevereiro de 2011, mas as investigações concluíram que nunca houve o pagamento do aluguel até pelo menos novembro de 2015”, afirmam os procuradores.
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