Horas após a decisão dos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, de manter a condenação no caso do tríplex, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou em ato para militantes na noite desta quarta-feira (24). No carro de som, em São Paulo, Lula questionou a decisão, dizendo que trata-se de uma “provocação” do Judiciário. “Eu nem queria mais fazer política. Tudo o que eles estão fazendo é tentar evitar que eu seja candidato. É uma provocação e agora que quero concorrer à Presidência”, afirmou.
Lula começou o discurso dizendo que nunca teve a expectativa de que o julgamento fosse definido a seu favor, fazendo também críticas à imprensa. “Isso tudo é um pacto entre o Poder Judiciário e a imprensa. Eles resolveram que era hora de acabar com o PT e a governança do país porque não aceitaram a ascensão social dos mais pobres”, atacou. O petista afirmou, ainda, que desafia os três desembargadores a esclarecerem qual foi o crime cometido por ele, reafirmando que não tem ligação com o triplex do Guarujá. “Estou condenado por um apartamento que não é meu. Se me condenaram, me deem pelo menos o apartamento. Já pedi pro Guilherme Boulos [líder do movimento sem-teto] mandar o pessoal dele ocupar. Já que é meu, que ocupem”, disse.
Durante a fala, Lula retomou o tom de campanha eleitoral que já havia adotado no dia anterior, em discurso relâmpago em Porto Alegre. “Para mim, esse julgamento é uma oportunidade de viajar o Brasil e começar a discutir com o povo o que a gente já teve, o que a gente está perdendo e o que a gente pode voltar a ter”, afirmou.
Antes de Lula, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, fez críticas à sentença, afirmando que trata-se de uma decisão “corporativa, para defender o juiz Sergio Moro”. Mais cedo, notas do PT e da ex-presidente Dilma Rousseff anteciparam a postura do ex-presidente e de seus apoiadores em manter sua candidatura mesmo com a condenação.
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