Pré-candidato declarado ao Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa nesta quinta-feira (17) a rodar o país para defender o legado petista no governo federal. O giro pelo Brasil se inicia justamente na região em que ele é mais forte: o Nordeste. E, mais especificamente, por Salvador (Bahia) – onde o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), possível adversário de Lula em 2018, discursou recentemente contra o petista. E onde o tucano levou uma ovada.
Lula vai percorrer de ônibus até o dia 5 de setembro 25 cidades dos nove estados nordestinos, em um percurso de 3,7 mil quilômetros. A caravana faz parte da estratégia dele para se contrapor ao que o PT considera ser, por parte dos grandes veículos de comunicação, a “censura ou a manipulação ideológica, num esforço cotidiano de desconstrução” do legado do partido na Presidência da República.
Por que o Nordeste?
O Nordeste é uma região estratégica para as pretensões eleitorais de Lula. Dentre todos os brasileiros, o petista é mais popular entre os nordestinos. E, justamente por isso, essa turnê tem mais potencial de mostrar ao país, em imagens, a popularidade de Lula. Além disso, o petista desde já vai demarcando seu território, buscando impedir o avanço de seus possíveis adversários no front nordestino.
Levantamento eleitoral realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas no fim de julho mostrou que Lula tem 25,8% das intenções de voto em todo o país num cenário em que Doria é o candidato tucano. Já no Nordeste, Lula teria 41,2% se a eleição fosse hoje.
Nos estados do Norte e do Centro-Oeste, Lula teria 24,6%. E o porcentual de eleitores do petista no Sudeste é a metade da do Nordeste: 20,5%. Lula é menos popular no Sul. Só 14,2% dos moradores da região dizem que votariam em Lula.
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Desempenho dos adversários
Por outro lado, os dois políticos que hoje seriam os principais adversários de Lula numa disputa pelo Planalto – João Doria e o deputado Jair Bolsonaro (que vai trocar o PSC pelo PEN) – tem seus piores desempenhos no Nordeste.
Doria, no levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, tem 12,3% de intenções de voto em todo o país. No Nordeste, teve apenas 6,4% – o que mostra como ele precisa ficar conhecido na região, o que ajuda a explicar a viagem do prefeito de São Paulo a Salvador. Já Bolsonaro chegou a 18,7% no Brasil inteiro. Mas só ganharia o voto de 14,8% dos nordestinos.
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Metodologia da pesquisa
O Instituto Paraná Pesquisas ouviu 2.020 eleitores com 16 anos ou mais em 156 municípios de 25 estados entre os dias 24 e 27 de julho. O levantamento tem margem de erro de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. Nos dados regionais, a margem de erro é de 3,5% no Sudeste; 4,5% no Nordeste; e 6,0% nas regiões Norte/Centro-Oeste e Sul. O grau de confiança de toda a pesquisa é 95% – o que significa que, se o levantamento fosse realizado 100 vezes, em 95 os resultados estariam dentro das margens de erro.