Apesar da autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu não ir a São Bernardo do Campo (SP) para se encontrar com familiares, após o enterro de seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá. A afirmação é do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto. O petista já comunicou seus advogados que não viajaria depois de saber que o irmão já havia sido enterrado.
“O presidente Lula gostaria de participar do enterro e se despedir do seu querido irmão. É claro que ele também quer se encontrar com a família, mas para isso vai ter outra oportunidade”, disse Okamotto. O presidente do STF, ministro Dias Toffoli, acolheu parcialmente o pedido da defesa de Lula e havia autorizado que o ex-presidente se deslocasse para uma unidade militar na região do ABC, em São Paulo, para se encontrar familiares.
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Em declaração na frente na sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde o ex-presidente cumpre pena desde abril de 2018, Manoel Caetano, um dos advogados do petista, disse que Lula jamais aceitaria encontrar sua família em um quartel. “O presidente não concordaria em se reunir com sua família em um quartel, ele disse isso claramente, seria uma vexame, um desrespeito”. Para o advogado a decisão de Toffoli chegou tardiamente e seria inviável cumpri-la.
Perguntado se o presidente não queria se encontrar com os familiares, o advogado disse que ele se encontra com eles todas as quintas-feiras, que já é o dia tradicional de visitas na carceragem da PF. Lula deve se reunir com eles nesta quinta-feira (31), em Curitiba.
Suplicy recorreu até a Bolsonaro
O vereador de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) recorreu até ao presidente Jair Bolsonaro, internado no Hospital Albert Einstein, e encaminhou uma solicitação para que ele determinasse que o ministro da Justiça, Sergio Moro, e a Polícia Federal permitissem que Lula comparecesse ao enterro do irmão.
Em vídeo transmitido ao vivo na página oficial de Lula no Facebook, Suplicy apareceu em São Bernardo ao lado de lideranças do partido e disse ter encaminhado a mensagem ao Conselho Deliberativo do Hospital Albert Einstein.
Suplicy queria que Bolsonaro determinasse que Moro e a PF garantissem “todas as condições de segurança necessárias em coordenação com a direção do PT, que se dispôs a providenciar transporte, para que Lula possa comparecer ainda hoje ao enterro de seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, em São Bernardo do Campo e que essa decisão seja comunicada ao TRF-4 e ao Supremo Tribunal Federal”.
O vereador pede que Bolsonaro tome a decisão também com base em uma declaração do vice-presidente Hamilton Mourão que, no exercício da Presidência afirmou na terça-feira (29) que a liberação de Lula para o velório do irmão era uma questão “humanitária”. “É uma questão de bom senso e de percepção humanitária”, afirmou Suplicy.
STF autorizou saída de Lula após enterro
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, autorizou nesta quarta-feira (30) a saída temporária do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da prisão para visitar parentes em São Paulo. A decisão atende parcialmente o pedido para comparecer ao velório do irmão Genival Inácio da Silva, sepultado na tarde desta quarta-feira (30), em São Bernardo do Campo. A defesa recorreu ao Supremo depois de ter dois pedidos negados nesta terça-feira (29), em primeira e segunda instância.
Assim que recebeu a notícia, no entanto, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), disse que não havia condições de esperar o ex-presidente. O cortejo já estava saindo da capela. Vavá foi sepultado por volta das 13h, em São Bernardo do Campo (SP).
Na decisão, Toffoli afirma que Lula tem “o direito de encontrar-se com familiares em local reservado e preestabelecido para prestar a devida solidariedade aos seus, mesmo após o sepultamento, já que não há objeção da lei”. O ministro cita em sua decisão a manifestação da Polícia Federal que afirmou não haver tempo hábil para o deslocamento do ex-presidente e a ausência de policiais disponíveis para garantir a ordem pública. “As eventuais intercorrências apontadas no relatório policial, a meu ver, não devem obstar o cumprimento de um direito assegurado àqueles que estão submetidos a regime de cumprimento de pena”.
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