O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender sua inocência, na noite da quinta-feira (20) e desafiou os investigadores da Lava Jato a encontrarem provas concretas de atos de corrupção praticados por ele. “Eu gostaria que o Ministério Público da Lava Jato, a Polícia Federal, se tiverem alguma prova que o Lula recebeu cinco centavos, por favor, me desmoralizem”, desafiou o petista em discurso de 30 minutos durante o ato em seu apoio na Avenida Paulista, em São Paulo. “O que não pode é, para tentar me prejudicar, destruir esse país”.
Para Lula, seus adversários estão usando diferentes métodos para tirá-lo do cenário político. “Como não conseguem me vencer na política, querem me derrotar com processo. É todo dia um processo, todo dia um depoimento, um inquérito”, reclamou. “Nenhum deles é mais honesto que eu neste país.”
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O ex-presidente afirmou ainda que a honestidade é um valor que aprendeu em casa e contou um episódio de sua infância. Ele disse que pensou em roubar uma maçã certa vez, mas não o fez para não envergonhar a mãe, Dona Lindu. “Se eu não tive coragem de envergonhar a minha mãe, eu não vou ter de envergonhar oito netos e agora uma bisneta”, afirmou.
Para Lula, os ataques sucessivos à sua figura, ao PT e à esquerda mostram que seus inimigos estão sem saber o que fazer. “Já foram 500 tiros, [enquanto] um tiro de garrucha matou a revoada de tucanos que existia nesse país”, ironizou.
Eleição direta
Lula ainda defendeu a realização de novas eleições no Brasil. “O país só tem um jeito: é a gente ter uma eleição direta e eleger um presidente que tenha coragem de olhar na cara do povo”. Para Lula, é necessário um novo presidente “que não tenha preconceito, que defenda a soberania nacional e que não tenha complexo de vira-lata”.
“Temos que preocupar nesse instante não é no que está acontecendo comigo, temos que nos preocupar com o que está acontecendo neste país”, afirmou. Cercado de aliados que criticavam o juiz Sergio Moro e pediam que ele pudesse concorrer nas próximas eleições, o petista voltou a repetir que, em seu governo, os mais pobres foram incluídos no consumo e “subiram na escala social”. “Quando o pobre é incluído no mercado e no orçamento da União, a economia vai crescer”, afirmou. Para ele, essa é a solução para a economia “girar”.
Antes de deixar o local, o ex-presidente desceu do carro de som, tirou fotos com o público e abraçou crianças. Os organizadores prometem novos atos e uma ida a Curitiba no dia do próximo depoimento de Lula a Moro, em setembro.
Tropa de choque
Os manifestantes pró-Lula ocuparam a avenida ainda durante a tarde e criticaram as reformas trabalhista e da Previdência. A senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, e o senador Lindberg Farias (PT-RJ), que disputaram o comando do partido, estiveram presentes lado a lado no carro de som. A senadora afirmou que os militantes estão se oferecendo para fazer vaquinha para ajudar Lula a pagar a defesa e também fez uma série de críticas a Moro.
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Lindberg criticou Sergio Moro e xingou o presidente Michel Temer.O senador afirmou que o calendário das próximas manifestações ainda não foi decidido, mas que o ato “demonstra uma revolta muito grande da gente que defende a democracia brasileira”. “Na nossa avaliação, isso é a continuidade do golpe, tirar o Lula do jogo é isso”, disse.
O senador também ironizou o aumento do PIS/Cofins para os combustíveis, anunciada pela equipe econômica do governo. “Isso é um escândalo, quero ver o que a turma dos patos amarelos vai falar”, disse Lindbergh, em alusão à campanha “Não Vou Pagar o Pato”, liderada pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a partir de setembro de 2015. “Eles diziam que não iam aumentar impostos. Essa coisa de aumentar imposto nesse momento desmoraliza de vez o governo e seu ministro da Fazenda”, completou.
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