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| Foto: EVARISTO SA/AFP

O ex-presidente Lula adotou de vez o discurso de quem vai disputar as eleições em 2018. Em uma série de entrevistas realizadas em rádios no Nordeste, o petista já fala como candidato ao fazer propostas, relembrar conquistas feitas durante seus anos de governo e criticar os rumos da gestão Michel Temer (PMDB). Além disso, ele também questiona ações da Lava Jato e rebate as acusações de que é alvo.

“Daqui a pouco está entrando o Papa Francisco nesse negócio [Lava Jato], porque é todo mundo acusando todo mundo sem provas e com base só no que alguém falou”, disse o ex-presidente, em entrevista a programa de rádio na Bahia.

Também não foram poucas as vezes que Lula e apresentou como um possível presidenciável. Embora as pretensões não tenham sido oficializadas, ele reforça o discurso de que as provocações feitas por adversários políticos fazem com que tenha mais e mais vontade de disputar o cargo. “Acho que meus adversários estão muito nervosos, porque eles me batem todo dia”, disse em entrevista concedida a uma rádio do Piauí. No mesmo programa, o ex-presidente declarou estar pronto para concorrer “se for necessário e o PT precisar”.

Sobrou até mesmo para o prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), a quem Lula chama de personagem. Segundo ele, o tucano utiliza uma estratégia velha para ganhar “dois minutos de glória” que o transformem em uma figura antagônica à do ex-presidente. “Ele precisa parar de fazer pirotecnia e governar de verdade”.

Não faltam ainda reclamações ao modo como as investigações da Lava Jato estão sendo conduzidas. A um programa de Salvador, Lula diz que “não é correto parar uma país por causa de uma investigação” e se mostra revoltado com as acusações feitas com base apenas em depoimentos, sem qualquer apresentação de provas, dizendo que vem sendo alvo de ataques há três anos sem que ninguém apresentasse algo realmente de concreto contra ele. “Continuo desafiando qualquer empresário brasileiro a dizer que o Lula pediu R$ 10 para ele ou mesmo em meu nome. O dia que alguém provar um erro meu, eu paro de fazer política”, diz.

“Daqui a pouco está entrando o Papa Francisco nesse negócio [Lava Jato], porque é todo mundo acusando todo mundo sem provas e com base só no que alguém falou”

Lula em entrevista a programa de rádio na Bahia

O procurador da República Deltan Dallagnol também foi alvo de críticas do petista por ter dito, durante uma apresentação em setembro de 2016, que não havia provas, apenas convicções dos crimes cometidos pelo ex-presidente. “Um cidadão desses não está preparado para fazer acusação contra ninguém e nem para participar de um processo. É preciso ser mais sério”. A frase em questão, porém, nunca foi dita por Dallagnol.

Em casa

Em todas as entrevistas, transmitidas em seu perfil no Facebook, Lula aparece sempre muito à vontade. E não apenas pela informalidade, mas pelo próprio tom das conversas. Sem qualquer tipo de confronto ou questionamento que coloque o ex-presidente contra a parede, elas servem mais de “gancho” para que o petista apresente seus pontos de vista sem qualquer tipo de confronto. Em determinado momento, chegam a perguntar da família e da saudade que sente da ex-primeira dama Marisa Letícia, morta em fevereiro.

E essa não é a primeira vez que ele adota essa tática amigável antes do início de uma campanha, principalmente com foco no Nordeste. Em sua campanha para reeleição, por exemplo, ele também participou de uma série de entrevistas em programas da região — em muitos casos, nas mesmas emissoras onde participa desta vez.

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