Em tom de campanha e debaixo de chuva, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou nesta terça-feira (3), no centro do Rio de Janeiro, próximo às sedes da Petrobras e do BNDES, em uma manifestação batizada de “Ato em Defesa da Soberania Nacional”.
Em seu discurso, Lula citou o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Luiz Carlos Concellier Olivo, que se matou na última segunda-feira (2), após acusações feitas contra ele em operação da Polícia Federal que investiga desvio de recursos públicos para projeto de educação a distância.
“Não tenho pretensão de me matar. Vou enfrentar. Já provei minha inocência. Quero que provem uma única culpa”, disse Lula, complementando em seguida que seus opositores são responsáveis pela apressada morte de dona Marisa. “Querem evitar que eu volte. Mas estou tranquilo”, disse.
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O ex-presidente ainda fez referências a mártires históricos que tiveram mortes prematuras pelas suas biografias políticas: Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Tiradentes. Sobre JK, disse que morreu sendo acusado de ter um apartamento na zona sul carioca que não tinha. Já Tiradentes foi enforcado sem que conseguissem “acabar com os ideais libertários da população”, segundo o ex-presidente.
A um público formado principalmente por sindicalistas da CUT e de empregados de empresas estatais, Lula falou por cerca de meia hora, vestindo o jaleco laranja usado por funcionários de plataformas da Petrobras. Disse que não é mais só uma pessoa, mas uma ideia. E que vai voltar para a Presidência outra vez. “Se preparem porque o povo trabalhador vai voltar a governar esse país”, discursou.
A última pesquisa Datafolha, divulgada no domingo (1), mostra que o petista tem entre 35% e 36% das intenções de voto e venceria todos os adversários no segundo turno. Condenado pela Justiça a nove anos e meio de prisão no caso do tríplex do Guarujá (SP), o petista aguarda uma decisão do tribunal de segunda instância, em Porto Alegre, para saber se poderá se candidatar em 2018.
“Gerente das Casas Bahia”
Lula criticou ainda os processos de privatização anunciados pelo governo Temer, que eram o tema da manifestação sindical – que teve uma passeata entre as sedes da Eletrobras e da Petrobras, e palavras de ordem contra a venda da companhia elétrica e do pré-sal.
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“Esses governantes que estão aí não parecem governantes, parecem gerentes das Casas Bahia”, ironizou, completando que foi o presidente “que mais investiu na indústria do petróleo”.
O ato começou por volta das 11 horas e contou com a presença de empregados da Petrobras, Eletrobras, Caixa Econômica Federal, BNDES e Casa da Moeda, que tomaram a Avenida Rio Branco, uma das principais do centro da cidade. Quando Lula começou a falar, por volta das 16 horas, mais da metade já tinha ido embora, por causa da chuva.
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