O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, classificou como contundente e dura a decisão do governo federal em fazer uma intervenção federal no Rio, a primeira desde que a Constituição de 1988 entrou em vigência. Para ele, essa é a última opção e alternativa para se restabelecer a ordem e resolver o problema de segurança pública no estado.
Maia afirmou que a intervenção será votada na Câmara próximo do dia 21, na próxima semana, e anunciou que, por conta desse decreto, está suspensa a reforma da Previdência. Ele reconheceu que o governo não tem os 308 votos necessários para aprová-la na Casa, mas negou que o decreto de intervenção, que precisa ser aprovado pelo Congresso, seja uma “cortina de fumaça” para evitar derrota na votação da Previdência.
“Uma medida forte como essa, de intervenção, jamais viria com esse intuito. O presidente Michel Temer não tomaria uma decisão dessa para tirar outro tema da pauta”, disse Maia.
Procurado, o Palácio do Planalto informou que “o decreto está sendo redigido”, confirmando que a intervenção federal está sendo preparada. A Presidência não comenta a criação do Ministério da Segurança Pública.
Como votar a reforma
Rodrigo Maia levantou a possibilidade de, se o governo perceber que tem voto, suspender o decreto da intervenção do Rio e se votar a reforma da Previdência. Mas acha que para isso tem um prazo, que seria até o final de fevereiro. Ele entende que a partir de março e abril nem mesmo os deputados favoráveis à reforma vão querer votar, por conta da eleição.
“O meu sentimento é de que, mesmo os que são favor da reforma não estarão confortáveis em votar a partir de março. Há desconforto”, avaliou.
O presidente da Câmara disse que não está descartada a votação da Previdência, mesmo com a intervenção.
“De jeito nenhum. De jeito nenhum. De jeito nenhum. Não está descartada. Tenho o sonho de pactuar uma agenda de despesas com os governadores e depois com prefeitos. Acho um desconforto para os deputados porque temos um ano eleitoral. Tenho muita convicção do que defendo em relação a Previdência. Mas não são todos os deputados, como eu, que têm uma agenda, uma pauta fiscal e econômica”, disse Maia, que falou da falta de apoio da sociedade ao tema, que ajuda a engavetar a votação.
“A sociedade, infelizmente, é majoritariamente contra a reforma da Previdência. E há o reflexo da opinião pública sobre os deputados. É o seu eleitor. E graças a Deus é assim. Cada um representa um segmento. E não posso exigir que deputados aceitem votar esse tema a partir de março e abril. No Brasil, 60% da população é contra e apenas 26% a favor”, disse Maia.
População do Rio “vive em desespero”
Para Maia, a intervenção federal no Rio “é uma proposta contundente, dura e tomada num momento extremo”. “Conversei com o governador Pezão e esse é o único caminho. Só temos uma opção. A decisão tem que dar certo. Uma decisão de intervenção no Rio, se não der certo, como será no dia seguinte? Há uma falência do sistema de segurança. Espero que num breve curto gere resultado. É a última opção”, disse Maia, que participou da reunião do governo, na madrugada desta sexta, que definiu a intervenção.
Rodrigo Maia disse que quando chegou à reunião a decisão já estava tomada e o planejamento pronto. Ele afirmou que restou a ele perguntar ao governador Pezão se concordava.
“Quando fui chamado, já tinha um plano montado. Eu apoio. Não fui contra. Única coisa que fiz foi perguntar ao governador Pezão se concordava. Ele disse que sim, que não tinha mais condições. Aí, não tem como ficar contra”, disse. “A população do Rio vive em desespero.”