Em visita oficial aos Estados Unidos para um encontro com o secretário-geral da ONU, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou que seja pré-candidato à Presidência da República.
Maia disse que, no momento, sua última preocupação são as eleições e que a viagem, agendada havia meses, nada tinha a ver com uma possível campanha para alavancar seu nome ao pleito.
“Eu não estou preocupado com eleição. Se eu estivesse, estaria ouvindo muitos dos meus amigos dizendo que eu não deveria manter a votação [da reforma da Previdência]. Minha preocupação com as eleições neste momento é nenhuma”, afirmou.
Sobre o assunto, aliás, disse estar cético quanto a uma possível vitória do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e defendeu que Lula se candidate e concorra. “Eu nem acho que ele [Bolsonaro] será o vencedor. Mas irei respeitar se ele vencer, como vou respeitar se o presidente Lula puder disputar a eleição e ganhar, ou o governador Geraldo Alckmin [PSDB]”.
O presidente da Câmara quer que Lula dispute as eleições porque acredita que ele irá perder - e que será o momento de provar que seu legado para o Brasil foi ruim.
“É importante que ele dispute, porque eu tenho até muita convicção que ele vai perder as eleições. E é importante que a gente desmonte a tese de que o Lula é imbatível, que o legado dele foi uma maravilha”, afirmou.
“Quem está andando pelo Brasil hoje sabe o legado que ficou. Tem muito ativo colocado pelo PT que, para mim, é um passivo; fora o passivo que deixaram depois do impeachment, 14 milhões de desempregados, inflação explodindo, taxa de juros de 15%”.
Segundo Maia, na hipótese de o petista concorrer, “um, ou dois, ou três candidatos do nosso campo” poderão, ao longo da corrida presidencial, fazer “um enfrentamento” com ele e destacar esse legado.
O deputado comentou ainda declarações de Bolsonaro sobre seus gastos com auxílio-moradia - na semana que passou, o jornal Folha de S.Paulo revelou que o parlamentar manteve o benefício, apesar de ter imóvel próprio em Brasília. Em entrevista sobre o caso, disse à reportagem que usava o dinheiro para “comer gente”.
Para o presidente da Câmara, este é apenas o “perfil” do colega, que se utiliza de “frases de impacto e irônicas”.
“Minha crítica a ele é em relação ao posicionamento mais extremado, do qual eu discordo, mas eu nunca vi o deputado Bolsonaro com atitudes concretas de desrespeito ao uso do dinheiro público”, disse. “Ele mesmo vai organizar uma resposta mais transparente para seus próprios eleitores, que certamente ficaram mais impactados”.
Meirelles e Previdência
O deputado também minimizou um possível desconforto com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles , que responsabilizou o Congresso, que ainda não conseguiu aprovar a reforma da Previdência, pelo rebaixamento da nota de classificação de risco da dívida brasileira pela agência Standard & Poor’s.
Maia disse que neste momento não mistura extremos e jogou a culpa do atraso na votação da reforma nas denúncias de corrupção contra o presidente Michel Temer, barradas pela Câmara em agosto e outubro - segundo ele, os processos fizeram com que o governo perdesse base na Câmara.
“Sobre a reforma da Previdência [e a votação em fevereiro], sempre fui muito realista. O governo sai do fim de 2016 de uma base de 316 deputados e termina, após a segunda denúncia, com 250. É preciso recompor 70, 80 votos”.
Para ele, reconstruir a base para ter “conforto” na votação é fundamental. “A decisão do governo depois da primeira denúncia foi afastar quem não votasse a favor do presidente, e isso abriu um problema: como se faz agora para ter 308 votos?”, disse.
Maia afirmou ainda estar reticente sobre a aprovação da matéria em fevereiro - especialmente porque uma parcela da população é contra a reforma. “Ela não é fácil por causa disso. Muitos deputados podem não votar pela reforma pensando em sua base eleitoral”.
Agenda em Nova York
Na noite deste domingo (14), Maia e uma comissão composta pelos deputados José Carlos Aleluia (DEM-BA), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Fernando Monteiro (PP-PE), se reuniria com a imprensa americana na residência da Missão do Brasil junto às Nações Unidas para falar sobre a conjuntura e a agenda econômica do Brasil.
Sobre o encontro com o secretário-geral da ONU, Maia diz que irá falar da preocupação do governo brasileiro com o fluxo de refugiados venezuelanos para a região Norte.
“A gente tem trabalhado para dar toda condição para os refugiados, mas a região Norte do Brasil é carente”.
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