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 | Marcos Oliveira/Agência Senado
| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

É quase impossível fazer algum representante da base aliada de Michel Temer na Câmara dos Deputados dizer o número de votos que espera na votação prevista para esta quarta-feira (2), no plenário, sobre a denúncia contra Temer. O número de deputados que se declaram indecisos ou que não querem dizer como votam é muito grande. São os deputados que estão envergonhados em apoiar Temer e ficam em cima do muro. Segundo levantamento da Gazeta do Povo são 225 os que não dizem como votam e hesitam em apoiar Temer abertamente.

VEJA O placar da votação

Com medo de não ter quórum para votar a denúncia rapidamente – o que o governo vê como favorável para passar logo por esse momento e poder focar na aprovação de reformas – os aliados de Temer criaram uma espécie de “reserva de deputados” com alguns mais resistentes. A ideia, segundo um dos principais articuladores do Planalto no Congresso, é deixar essa lista de deputados que ainda resistem em apoiar Temer abertamente de sobreaviso e acioná-los caso a votação comece a parecer desfavorável ao presidente.

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Não são muitos esses da “reserva”, mas podem ser essenciais. Estão nessa lista cinco parlamentares. São deputados que argumentam algo do tipo: “só vou se precisarem de mim para dar quórum”. E, se forem, devem se abster.

Apenas 95 deputados declaram até terça-feira que apoiarão Temer, pedindo arquivamento da denúncia enviada pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva.

Entre os indecisos ou envergonhados, há muitos deputados de partidos que apoiam Temer. Entre os deputados do DEM, a maioria não declarou voto. Mesmo no PMDB, somados, o total de indecisos e que não declararam o voto é maior do que o dos deputados que dizem “sim” ao arquivamento da denúncia e favorecem o presidente.

A demora em declarar o voto pode significar que parte do “centrão” ainda está em conversas com representantes do governo para definir seu voto. Nessa articulação, de um lado, estão os pedidos dos parlamentares por emendas e projetos em suas bases eleitorais, bem como influência em postos do governo e cargos em empresas estatais. Por outro lado, o governo tem pouco espaço para articular, com reduzido espaço para gastos e precisando dos parlamentares para votar muitas medidas provisórias importantes para o governo para obter receitas, como o pacote de renegociação de dívidas com a Receita Federal, a mudança da taxa de juros dos empréstimos públicos, a mudança nas regras da mineração, entre outras.

Aliados do presidente acreditam que terão os votos para barrar a denúncia e circula nos bastidores a conta de que estejam garantidos 230 votos a favor de Temer. O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) afirmou que caberá à oposição levar deputados para o plenário. São precisos 342 votos contra Temer para afastá-lo da Presidência.

Se há vergonha em apoiar Temer, os deputados da base terão de perdê-la. A votação no Plenário da Câmara marcada para esta quarta-feira será individual. Cada deputado terá de falar no microfone se vota sim para engavetar o projeto e manter Temer no cargo ou não para autorizar o Supremo Tribunal Federal (STF) a seguir com o processo.

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