Se você está tentando vender um imóvel e está com dificuldade por causa da crise econômica, saiba que o governo federal está enfrentando o mesmo problema. Buscando formas de fechar as contas e entregar a meta deste ano para as contas públicas, o governo decidiu vender parte dos imóveis que detém e são utilizados para moradias dos servidores. O primeiro leilão, realizado em 20 de junho deste ano, para vender 25 imóveis residenciais em Brasília, teve o resultado divulgado dez dias depois e apenas sete imóveis foram vendidos.
Dos R$ 28 milhões que se pretendia arrecadar, foram obtidos R$ 15,7 milhões, ou 56% do valor que se esperava com o leilão. Porém, a venda de um dos imóveis surpreende: uma casa no Lago Sul, na Península dos Ministros, avaliada em R$ 6,645 milhões foi vendida por quase o dobro desse valor: R$ 11,385 milhões – um ágio de 71% sobre o preço pedido. A casa de 795 metros quadrados, com piscina e acesso ao Lago Paranoá, foi utilizada pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega nos governos Lula e Dilma Rousseff.
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Os outros imóveis foram vendidos por valores muito próximos ao lance mínimo pedido pelo governo federal. Dos outros seis imóveis leiloados, o ágio mais alto foi de 17%, em um apartamento vendido a R$ 605 mil. Os outros cinco apartamentos vendidos saíram pelo preço muito próximo ao estipulado inicialmente, com ágio zero, de 1% ou no máximo de 3%.
Se a mansão vendida com ágil de 71% fosse leiloada por valor mais perto de seu preço piso, o leilão teria resultado em venda de apenas 40% do previsto.
Médico arrematou mansão que foi de Mantega
De acordo com o resultado do leilão, publicado no Diário Oficial, o comprador da mansão do ex-ministro Guido Mantega foi o médico ortopedista Rafael Borsoi Leal. Uma consulta às citações ao nome do médico aponta que ele é proprietário de diversas empresas nos ramos da saúde (como hospitais e empresas de produtos para a saúde em Brasília) e também estacionamentos, alimentação e imóveis.
Em 2015, Borsoi Leal foi chamado a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados no caso que foi chamado de Máfia das Órteses e Próteses no Brasil (CPIORTES). O caso foi mostrado em reportagem do Fantástico, da TV Globo, e a CPI investigava se houve “a cartelização na fixação de preços e distribuição de Órteses e Próteses, e criação de artificial direcionamento de demanda para interesse privado”.
O médico foi ouvido como proprietário da Medicato Produtos Médicos Ltda. Segundo o requerimento, o objetivo era ouvir o médico e seu sócio “para prestarem esclarecimentos sobre o funcionamento e procedimento de venda, distribuição, suposto esquema de pagamentos de comissões a médicos e dentistas citada na reportagem do Fantástico, em rede nacional, por distribuidores de próteses e implantes, e que isto estaria ocorrendo em cinco estados da federação”. Não houve qualquer decisão contra sua empresa.
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Plano Nacional de Alienação
O governo ainda tem planos de vender outros imóveis. Foi criado o Plano Nacional de Alienação elaborado pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), do Ministério do Planejamento. Devem ocorrer outros leilões e também programas de venda direta conduzidos pela Caixa Econômica Federal.
Ao lançar o programa, o secretário do Patrimônio da União, Sidrack Correia, afirmou que o leilão realizado seria o primeiro, para aproveitar o momento favorável e fazer um teste para próximas vendas. “Estamos aproveitando o momento de recuperação do mercado imobiliário no Distrito Federal. Todos os imóveis que estão em oferta estão totalmente regularizados e têm ótima localização. Analisamos o mercado e sabemos que há uma demanda por apartamentos no Plano Piloto”, afirmou Correia, segundo divulgação oficial do Ministério do Planejamento.