Um dos líderes das manifestações pelo impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff (PT), o Movimento Brasil Livre (MBL) protocolou nesta quarta-feira (10) uma ação popular na 4ª Vara Federal de Niterói (RJ) para impedir a posse de Nelson Nahim (PSD-RJ) como deputado federal.
Condenado a 12 anos de prisão por estupro de vulneráveis, Nahim é suplente da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), nomeada na semana passada pelo presidente Michel Temer para assumir o ministério do Trabalho. Se assumir a vaga, Nahim terá foro privilegiado e seu caso subirá para o Supremo Tribunal Federal (STF).
A deputada e a Advocacia-Geral da União (AGU) recorreram no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) da decisão de primeira instância de impedir sua posse. Até o momento, não conseguiram e, portanto, Nahim não assumiu o mandato.
“A posse do Réu Nelson Nahim no cargo de Deputado Federal no lugar da Deputada Cristiane Brasil atenta mortalmente contra a moralidade administrativa, as instituições democráticas, a Pátria e contra o povo desta nação”, diz o texto.
A defesa de Nahim afirma que ele é inocente e as provas foram mal avaliadas. “Não pode considerá-lo como culpado, até porque ainda não transitou (em julgado). Foi uma condenação injusta, uma evidente má valoração da prova. Já recorremos e a decisão ainda será revista”, disse o advogado Marcello Ramalho.
Na peça do MBL, assinada pelo advogado Rubens Alberto Gatti Nunes, o movimento alega o princípio da moralidade administrativa – o mesmo alegado na ação que impediu a posse de Cristiane como ministra, condenada a dívidas trabalhistas a um motorista seu.
O movimento, contudo, não é contrário à posse da deputada no ministério. Nunes alega que “é absurdamente raso, sob a ótica jurídica, considerar o mesmo argumento”. “Qualquer pessoa que gere empregos está sujeita a um processo destes e nem por isso é imoral. No caso do Deputado Nelson Nahin, o sujeito foi condenado criminalmente por abuso sexual de crianças. Quer algo mais imoral que isso? Não vejo”, afirmou o advogado.
Nahim ficou um mês preso no ano passado, condenado no caso que ficou conhecido como “Meninas da Guarus”. Segundo a denúncia do Ministério Público, crianças e adolescentes de 8 a 17 anos teriam sido drogadas e exploradas sexualmente no município de Campos dos Goytacazes, durante um ano.
Irmão do ex-governador Anthony Garotinho (PR), Nahim e ele não se falam há seis anos, segundo o próprio governador. Em 2014, em que Garotinho concorreu ao governo do Rio, ele fez campanha para o atual governador, Luiz Fernando Pezão (MDB).