Ricardo Lewandowski: decisão terá de ser referendada pelo plenário do Supremo, mas já está valendo.| Foto: Carlos Humberto/STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski decidiu nesta quarta-feira (27) que a venda do controle acionário de empresas públicas, sociedades de economia mista e de suas subsidiárias ou controladas exige prévia autorização legislativa. Ou seja, se o governo federal quiser privatizar estatais, tem de obter antes autorização do Congresso.

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Lewandowski atendeu parcialmente uma medida cautelar em ação movida pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenaee) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT). As duas entidades moveram ação no STF em novembro de 2016 contestando a Lei 13.303, daquele ano, batizada de Nova Lei das Estatais. A medida, segundo decisão do ministro, terá de ser referendada pelo plenário do STF.

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O ministro do STF destacou que a apreciação inicial pelo Poder Legislativo de um processo de privatização tem de ocorrer “sempre que se cuide de alienar o controle acionário”. Segundo ele, a dispensa de autorização legislativa só pode ser aplicada à venda de ações quando não houver perda de controle acionário. Um sua decisão, Lewandowski interpretou o artigo 29 da Constituição para fundamentar a proibição de privatizações sem aval do Congresso.

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No despacho, Lewandowski faz menção à outra ação, movida pelo PCdoB também questionando a Lei das Estatais e também distribuída para ele relatar, em que cita a “anunciada alienação de ativos da Eletrobras, de suas controladas e subsidiárias, a qual seria, se de fato viesse a ocorrer, diretamente impactada pela decisão” que o STF proferir neste processo.

A privatização da Eletrobras é um dos principais projetos do governo Temer, em processo que deverá ser realizado por meio da dissolução do controle estatal na empresa com a emissão de novas ações, conforme modelo estabelecido em um projeto que está no Congresso. Desde abril, o governo vem preparando oficialmente a venda da Eletrobras.

Governo federal diz que vai recorrer da decisão

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, informou que o governo federal irá recorrer de medida cautelar de Lewandowski. Padilha disse que a Advocacia-Geral da União (AGU) estuda alternativas de recurso.

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Ele admitiu, contudo, que a decisão pode afetar o leilão de venda das distribuidoras de energia, marcado para 26 de julho. Para auxiliares presidenciais, a decisão terá efeito negativo ainda do ponto de vista político, fortalecendo o discurso da oposição, contrária à venda de ações da Eletrobras.

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Na prática, porém, acreditam que não haverá grandes mudanças nos processos, visto que já existe um projeto de lei no Congresso Nacional para a capitalização da empresa estatal à espera de aprovação dos parlamentares. texto, inclusive, foi tratado como uma das principais bandeiras da última fase do governo Temer, mas enfrenta resistência de deputados e senadores que, às vésperas das eleições, não querem votar nenhum tema polêmico.

Os assessores do presidente reclamam ainda do que classificam da “insegurança jurídica” criada por Lewandowski, e dizem que há um “descompasso” entre as decisões do Judiciário e a realidade do país.

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