O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu nesta sexta-feira (13) liminar que impede a extradição do ativista italiano Cesare Battisti. A decisão vale até que o pedido de habeas corpus feito pela defesa de Battisti seja analisado pela Primeira Turma do Supremo. Segundo a decisão de Fux, esse julgamento está previsto para o dia 24.
Na quarta-feira (11), o governo Michel Temer decidiu revogar a condição de permanência do italiano no Brasil, mas decidiu esperar que o STF decidisse sobre o habeas corpus preventivo a ele.
A defesa de Battisti entrou com o pedido de habeas corpus na corte no fim de setembro para tentar preservar a sua liberdade. Segundo seus advogados, a ação foi feita com base em notícias divulgadas pela imprensa de suposta solicitação do governo da Itália para que Temer reveja o pedido de extradição.
ESPECIAL: Leia série de reportagens da Gazeta do Povo sobre o caso Battisti
A estratégia inicial do Planalto é aguardar a apreciação do STF antes que o presidente assine o decreto. Aliados de Temer, porém, afirmam que, caso a corte demore para se posicionar sobre o tema, a subchefia de Assuntos Jurídicos da Presidência vai elaborar um parecer para que Temer chancele a volta de Battisti à Itália.
O italiano chegou ao Brasil em 2004. Ex-militante de extrema esquerda, foi condenado pela morte de quatro pessoas – ele nega a acusação. Em 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva recusou a extradição e autorizou sua permanência no país.
A Itália nunca deixou de pressionar por sua repatriação e, assim, cumprir a prisão perpétua no país.
Em 4 de outubro, Battisti foi detido numa viagem à fronteira com a Bolívia (prisão que ele diz ter sido fraudulenta). Depois disso, foi considerado fugitivo e viu crescerem as pressões para que seja extraditado. “A minha arma para me defender não é fugir. Estou do lado da razão, tenho tudo a meu lado”, disse ele ao jornal Folha de S. Paulo na quinta-feira (12).
“Quebra de confiança”
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou à BBC Brasil que a “quebra de confiança”, a “saída suspeita do Brasil” e a “melhora na relação diplomática com a Itália” eram as razões que levaram o governo a rever a extradição de Battisti.
Torquato argumentou que decisão sobre extradição é “um ato de soberania”, que pode ser adotado “a qualquer tempo”. “A Itália nunca abriu mão disso (da extradição de Battisti). Os italianos não perdoam o Brasil por não mandar o Battisti de volta. Para eles, é uma questão de sangue. É um entrave nas relações Brasil-Itália e na relação com a União Europeia como um todo.”
Na entrevista, o ministro se referiu à prisão de Battisti na fronteira com a Bolívia. “Ele quebrou a relação de confiança para permanecer no Brasil. Tentou sair do Brasil sem motivo aparente. Ele disse que ia comprar material de pesca, mas quebrou a confiança porque praticou ato ilegal e deixava o Brasil, com dinheiro acima do limite, sem motivo aparente”, declarou Torquato à BBC Brasil.
Battisti está em liberdade. Depois de ser autuado em flagrante pela Polícia Federal de Corumbá (MS) e ter contra si decreto de prisão preventiva expedido pela Justiça Federal do Mato Grosso do Sul, o italiano foi beneficiado por um habeas corpus do desembargador José Marcos Lunardelli, do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3), que acolheu pedido do advogado de defesa Igor Tamasauskas.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas