A prefeitura de Campinas(SP) confirmou na tarde desta quarta-feira (12) a morte de Heleno Severo Alves, de 84 anos, baleado durante o ataque a tiros na catedral metropolitana da cidade. Estava internado desde o dia anterior no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, onde passou por cirurgia, mas o estado de saúde dele era grave desde o início.
Outras fiéis morreram ainda na igreja, durante o ataque: José Eudes Gonzaga Ferreira, de 68 anos, Elpidio Alves Coutinho, 67 anos; Sidnei Vitor Monteiro, 39 anos, e Cristofer Gonçalves dos Santos, 38 anos. No início da tarde desta quarta, a Catedral de Campinas foi reaberta com uma missa para homenagear as vítimas.
Outra pessoa atingida pelo atirador que estava internada, Jandira Prado Monteiro, 65 anos, teve alta. Ela é mãe de uma das vítimas, Sidnei.
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Com a morte de Heleno, o número de vítimas sobe de quatro para cinco homens – seis com o atirador, que cometeu suicídio após ser atingido pela Polícia Militar. O autor dos disparos no interior da Catedral Metropolitana da cidade foi identificado pela Polícia Civil como Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos.
Grandolpho abriu fogo contra pessoas que rezavam na catedral logo após uma missa. Em seguida, foi baleado por policiais, caiu e atirou contra a própria cabeça. A motivação do ataque ainda é desconhecida.
A igreja ficou fechada por 24 horas – período usado para a limpeza e a realização de perícia no espaço. Marcada por muita emoção, a missa do meio dia desta quarta-feira atraiu muitos fiéis, que foram rezar pelas vítimas assassinadas no templo.
O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), decretou luto oficial de três dias, a contar a partir desta terça.
Primeiras vítimas são enterradas
Treze pessoas acompanharam, em um cortejo silencioso, o enterro do garçom Cristofer Gonçalves dos Santos, um dos quatro mortos na catedral de Campinas, nesta terça-feira (11).
Sem condições financeiras, a mãe e a irmã de Cristofer, que vivem no interior de Santa Catarina, não participaram do sepultamento. O rapaz foi velado pelo primo Christian dos Santos, que o levou a Campinas há mais de 15 anos. O enterro aconteceu por volta das 13h30 no cemitério dos Amarais.
“A gente entra na igreja para buscar acalento, segurança. Não para buscar morto”, desabafa a professora Fernanda Ribeiro, mulher de Christian.
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Ao mesmo tempo, no cemitério Parque das Flores, aconteceu o enterro de Sidnei Vitor Monteiro, 39. Sua mãe, Jandira Prado Nogueira, 65, foi ferida durante o ataque. Após receber alta, ela acompanhou o sepultamento do filho de dentro de uma ambulância.”Vai com Deus, meu filho”, afirmou, enquanto o longo cortejo com familiares, amigos e colegas do trabalho passava com o caixão.
O pai de Sidney, Milton Candido Monteiro, após salvas de palmas e orações, disse que não desejava que ninguém passasse, como ele, pela perda de um filho. O irmão, Silvio Monteiro, emocionado após a descida do caixão, despediu-se de Sidney e colocou no túmulo a bandeira do Corinthians, que acompanhou todo cortejo em cima do caixão. Ao final, mais uma salva de palmas.
Sidnei morava em Hortolândia (SP), cidade vizinha a Campinas, há 32 anos. Era auxiliar no setor de manutenção da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, onde era conhecido por animar os colegas. “Onde ia gostavam dele. Ajudava quem precisava, estava sempre animado”, disse Renato Benetti, colega de Sidney. Fanático pelo Corinthians, ele entrava nas brincadeiras sobre futebol e fazia pirraça com colegas e familiares.
De família muito religiosa, frequentava a igreja em Hortolândia e foi à Catedral com a mãe, Jandira, acompanhá-la antes de um tratamento dentário.
Atirador de Campinas é enterrado com música, padre e pedido de perdão
Numa cerimônia reservada, cerca de 50 familiares e amigos acompanharam o velório e enterro de Euler Grandolpho entre pedidos de “infinita misericórdia de Deus”, cantos e rezas católicas, nesta quarta, um dia após ele matar cinco pessoas e depois se matar na catedral de Campinas – a 5 km do Cemitério Parque Flamboyant.
Durante a reza, o padre Antônio Geraldo, da paróquia Cura D’Ars – frequentada pelo pai de Euler – evitou falar sobre o crime, mas usou passagens de Bíblia para enfatizar o perdão dos pecados e a fragilidade humana.
“Se formos nos deter apenas para o fato acontecido ontem, nós mergulhamos na mais completa desesperança. Na angústia, na dor, e até nas sombras da morte”, disse ao lado do pai, Eder Grandolpho, que, muito abalado, se limitou a agradecer por duas vezes a presença dos que foram ao enterro.
“Perdoai senhor todos os pecados e acolhei sua alma, levando à presença do Altíssimo”, pediu o religioso, antes de convocar os presentes a fazer um coro de “Jesus é Nosso Pastor” e “Segura na Mão de Deus”. Seguidas das rezas do Pai Nosso e Ave Maria.
Os brados, ditos inclusive no momento do sepultamento, se alternavam com o silêncio absoluto -ainda em choque, os parentes evitavam comentar as circunstâncias da morte. A cerimônia foi fechada à imprensa e a segurança na porta do cemitério foi reforçada.
Euler não era católico, não frequentava a igreja e se suicidou, atitude vista como pecado pela religião cristã. O padre, porém, disse que Deus perdoa a todos e que o caso remete à “complexidade da natureza humana, da psicologia humana”.
De acordo com uma amiga de infância, que preferiu não se identificar, há cerca de quatro anos Euler ouvia vozes, tinha alucinações, e foi diagnosticado com esquizofrenia, além da depressão que enfrentava. Por isso, teria surtado e entrado disparando na catedral, segundo ela.
“Com certeza [Deus] não se esconde num coração marcado pelo pecado, porque esse não era o coração de Euler. Tenho certeza que a misericórdia de Deus já alcançou esse filho”, afirmou durante a cerimônia, após o sepultamento às 14h.
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