A agência de classificação de risco Moody’s alterou nesta sexta-feira (26) a perspectiva do rating Ba2 do Brasil de estável para negativa. A medida é uma sinalização de um possível rebaixamento na classificação de risco do país e, assim, uma piora na sua avaliação de capacidade de pagamento.
Entre os fatores citados pela Moody’s para o movimento está o aumento das incertezas “em relação ao momento favorável às reformas após os últimos acontecimentos políticos”, referindo-se à turbulência desencadeada pela delação dos donos da JBS, envolvendo o presidente Michel Temer.
“Independentemente de seu desfecho, a crise política que emergiu no Brasil na última semana provavelmente debilitará a agenda de reformas do governo e comprometerá a aprovação de reformas futuras, incluindo a da Previdência”, afirma a Moody’s em relatório. “Isto provavelmente terá um impacto negativo na confiança do investidor e levará ao aumento da volatilidade nos mercados, ameaçando o momento macroeconômico positivo observado desde o início da agenda de reformas promovida pelo presidente Michel Temer”.
Entre os fatores que podem levar a um rebaixamento do rating do Brasil, a agência cita uma possível “intensificação da crise política que leve a um período prolongado de incerteza, impactando materialmente as perspectivas macroeconômicas e fiscais”.
“A reversão das reformas fiscais já aprovadas, principalmente o cumprimento do teto de gastos, seria particularmente negativa para o rating”, alerta a Moody’s.
Na semana passada, a agência Standard & Poor’s (S&P) colocou a nota de crédito do país em observação, o que também indica a possibilidade de um rebaixamento nos próximos três meses.
Já a Fitch havia reafirmado em BB+ a nota de crédito do Brasil, mantendo a perspectiva negativa e citando os riscos da denúncia contra o presidente Michel Temer ao crescimento da economia. A Moody’s também se pronunciou e manteve o rating do Brasil em Ba2, com perspectiva negativa, afirmando que as denúncias contra o presidente Temer ameaçam “paralisar ou reverter o positivo momento político e econômico observado recentemente”. Hoje, a agência voltou a destacar a piora no quadro político e afirmou que a recuperação da economia pode atrasar pelo menos um ano.
Compromisso com as reformas
Em nota, o Ministério da Fazenda reafirma seu compromisso com a continuidade da implementação da agenda de reformas estruturais necessárias à recuperação econômica. “Nesse sentido, a Fazenda destaca os resultados positivos obtidos por meio da manutenção de intenso diálogo e coordenação com o Congresso Nacional, sinalizando o empenho para alcance da estabilidade da política econômica”, afirma o texto.
O ministério destaca que, segundo a Moody’s, a perspectiva da nota de crédito poderá melhorar com a solução da crise política e a aprovação da agenda de reforma, “sobretudo a da Previdência”, ainda neste ano.
A pasta ressalta ainda que a alteração no outlook foi apontada pela Moody’s como resultado do aumento das incertezas relacionadas aos eventos políticos recentes, que podem “comprometer a agenda de reformas do governo, afetando negativamente o ambiente de negócios e a recuperação econômica do Brasil”.
A Fazenda aponta ainda que a Moody’s destacou o “tamanho e a diversidade da economia brasileira”, assim como a “baixa vulnerabilidade externa” entre os pontos fortes do Brasil. “A Moody’s reconhece, ainda, a importância dos avanços recentes, como a implementação de um teto para os gastos primários e a promoção das discussões relacionadas à reforma da Previdência. Esta reforma é considerada fundamental para a sustentabilidade fiscal de médio prazo”, completa.
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