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 | Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil
| Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil

Executivo escolhido pela ex-presidente Dilma Rousseff para chefiar a Petrobras com a missão de moralizar e limpar a empresa, depois da festa na petroleira durante 10 anos de gestão petista, Aldemir Bendine teve uma trajetória controversa. Ao mesmo tempo em que era o protótipo de “self made man” do funcionalismo público – ele foi de aprendiz a presidente do Banco do Brasil – ele guarda no armário várias acusações de irregularidades. A mais grave vem à tona com sua prisão nesta quinta-feira (27) pela Operação Lava Jato: ter solicitado vantagens indevidas para a Odebrecht enquanto era presidente da Petrobras.

A trajetória de Bendine vai além da fama de executivo competente e há relatos de favorecimento a grupos empresariais e amigos. Quando era presidente do Banco do Brasil, Bendine teria aproveitado sua posição para pedir vantagens para a amiga e socialite Val Marchiori. A acusação era a de que ele havia beneficiado Val com um empréstimo, mesmo ela tendo restrições para tomar crédito, e custou a Bendine seu cargo no BB, do qual se afastou no fim de 2014. O valor, de R$ 2,79 milhões, teria saído de uma linha em que o BB repassava recursos do BNDES. O enrosco ficou mais complicado quando se revelou que parte do dinheiro teria sido usado pela socialite para a compra de um Porsche, de forma irregualar.

Outras acusações apontaram que o homem que chegou para limpar a Petrobras talvez também tivesse um passado sujo. Em 2015, o Ministério Público Federal abriu investigação sobre Bendine após seu ex-motorista relatar que o presenciou saindo de um prédio comercial em São Paulo, ocupado por empresas ligadas ao grupo da TV Record, com uma sacola repleta de maços de notas de R$ 100. Também contou que recebeu ordens para fazer diversos pagamentos com altas quantias em dinheiro vivo, sempre entregues a ele dentro do BB, pelo próprio Bendine.

Em outro episódio, o executivo foi autuado pela Receita Federal por não comprovar a origem de aproximadamente R$ 280 mil de seu patrimônio informados em sua declaração do Imposto de Renda.

Na Petrobras, a missão de Bendine era a de moralizar e cortar gastos. Alçado ao cargo em um governo Dilma que tinha no Ministério da Fazenda Joaquim Levy, foi Bendine que permitiu expor a real situação da empresa e os prejuízos com a corrupção na estatal, após a saída de Maria das Graças Fostes e Sérgio Gabrielli do comando da petroleira. Ele ficou no cargo durante 15 meses (fevereiro 2015 a maio de 2016).

Em abril de 2015, a gestão de Bendine apresentou o primeiro prejuízo bilionário da Petrobras, de R$ 21,6 bilhões em 2014. A Operação Lava Jato já estava a todo vapor, com fotos de Lula e Dilma trajando os macacões laranjas de petroleiro e sujando as mãos de petróleo para ilustrar as reportagens sobre corrupção na estatal para favorecer partidos políticos. Bendine foi o homem escolhido pelo PT para dar transparência aos malfeitos do próprio PT.

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