O juiz Sergio Moro decidiu nesta terça-feira (25) acatar o pedido da Polícia Federal (PF) e adiar o interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava previsto para a próxima quarta-feira (3). O depoimento foi remarcado pelo magistrado para o dia 10 de maio.
O pedido para o adiamento foi feito pela PF nesta segunda-feira (24), em um ofício assinado pelo superintendente regional Rosalvo Ferreira Franco. Ele pediu “mais tempo para realizar as tratativas com os órgãos de segurança e inteligência” para o depoimento.
O pedido é reforçado, em outro ofício, pelo secretário estadual de Segurança Pública, Wagner Mesquita de Oliveira, que é policial federal. Mesquita fala em “notícias de possível deslocamento de movimentos populares para essa capital em virtude da semana de comemoração do Dia do Trabalhador, o que pode gerar problemas de segurança pública, institucional e pessoal”.
Apesar de alegarem falta de tempo para organizar o esquema de segurança, o depoimento de Lula já estava marcado pelo juiz Sergio Moro desde o dia 3 de março.
Grupos pró-Lula já organizam caravanas de todo o Brasil para acompanharem o depoimento em frente à Justiça Federal de Curitiba. A Frente Brasil Popular, movimento capitaneado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e com participação do Movimento dos Sem Terra (MST) e do PT, estima que cerca de 60 mil pessoas devem vir à capital paranaense prestar apoio ao ex-presidente.
Grupos a favor do juiz Sergio Moro e da Lava Jato também devem marcar manifestações para o dia do depoimento. Na frente da Justiça Federal, em Curitiba, há um acampamento permanente em apoio à operação.
A PF, a Polícia Militar (PM) e a Secretária Municipal de Trânsito (Setran) têm se reunido nos últimos dias para discutir as estratégias de segurança para a data. Em grandes eventos, é comum que haja três anéis de isolamento e que cada órgão fique responsável por um deles. No primeiro, a PF fica responsável pela segurança do prédio. No segundo, a PM faz a segurança do entorno. No terceiro, a Setran cuida do luxo de veículos.
Lula é acusado nesse processo de receber “benesses” da empreiteira OAS – uma das líderes do cartel que pagava propinas na Petrobras - em obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris. O prédio foi construído pela Bancoop (cooperativa habitacional do sindicato dos bancários). O imóvel foi adquirido pela OAS e recebeu benfeitorias da empreiteira. Os procuradores da Lava Jato acusam na Justiça Lula de ser o verdadeiro dono do tríplex que estava em reforma.
Em depoimento na semana passada, o ex-presidente da OAS, Leo Pinheiro, confirmou que o tríplex no Condomínio Solaris pertencia ao ex-presidente Lula. Segundo Pinheiro, ao assumir, em 2009, a obra iniciada pela Bancoop, a OAS recebeu a orientação de não comercializar a unidade 164-A, pois era propriedade da família de Lula.
A defesa do ex-presidente, porém, contesta a acusação do Ministério Público Federal (MPF). Os advogados do ex-presidente protocolaram no processo na semana passada informações sobre o processo de recuperação judicial da OAS, em que o tríplex aparece como propriedade da empreiteira - e não do ex-presidente Lula.
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