O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso há quase um ano em Curitiba por causa das investigações da operação Lava Jato, criticou a atuação do juiz Sergio Moro, responsável pelo caso na primeira instância. Em entrevista à revista Época, o peemedebista ainda atribuiu a estagnação da negociação para seu acordo de delação premiada a motivações políticas de Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República.
Para Cunha, o problema de Moro é que o magistrado descumpre o processo legal. Na avaliação do ex-deputado, o juiz agiu para “destruir o establishment, a elite política. E conseguiu”.
Mas a artilharia pesada foi voltada contra o ex-procurador-geral da República. “O Janot não queria a verdade; só queria me usar para derrubar o Michel Temer”, afirmou o ex-presidente da Câmara em entrevista à revista “Época”, publicada na edição desta semana.
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Segundo Cunha, o ex-procurador-geral queria que ele mentisse em seu depoimento a fim de comprometer o presidente. O ex-deputado diz que Janot gostaria que ele admitisse ter vendido o silêncio ao empresário Joesley Batista -a informação seria utilizada na denúncia contra Temer.
Essa informação foi a primeira a vir à tona, em maio, no acordo do sócio da JBS com a PGR (Procuradoria-Geral da República) e desencadeou uma crise política no governo Temer.
Cunha ainda diz que, como não aceitou mentir, Janot utilizou as informações delatadas por Lúcio Funaro, que celebrou acordo com a Justiça.
“O que eu tenho para falar ia arrebentar a delação da JBS e ia debilitar a da Odebrecht. E agora posso acabar com a do Lúcio Funaro”, afirmou.
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Ele diz que há mentiras e omissões nos depoimentos do operador. Por exemplo, Funaro “se esqueceu de dizer que ele me trouxe uma oferta de dinheiro para pagar o advogado Antonio Figueiredo Basto”.
Basto defendia o doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros a delatar na Lava Jato. Segundo Cunha, o advogado cobrou para mudar o depoimento de seu cliente em relação ao ex-deputado.
Agora, segundo afirmou à publicação, está disposto a voltar a negociar com Raquel Dodge, nova procuradora-geral: “Tenho histórias quilométricas para contar, desde que haja boa-fé na negociação”.
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