O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, anunciou nesta terça-feira (20) que o delegado Maurício Valeixo será o novo diretor-geral da Polícia Federal (PF). Ele é, atualmente, superintendente da PF no Paraná e amigo de longa data do ex-juiz federal. Valeixo substitui a partir do ano que vem Rogério Galloro, que assumiu o comando da PF em março deste ano.
“Ele tem a missão de fortalecer a Polícia Federal para que ela possa direcionar suas investigações principalmente com foco em corrupção e (no combate ao) crime organizado. São dois desafios, mas ele é uma pessoa plenamente capacitada para realizar essa tarefa”, disse Moro. O futuro ministro agradeceu pelos serviços prestados por Galloro e afirmou que pretende convidá-lo para ajudar em alguma função no ministério da Justiça.
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Delegada Érika Marena vai para o Ministério da Justiça
Além de Valeixo, Moro convidou a delegada Érika Marena para assumir o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça. Ela fez parte do primeiro time de policiais federais do Paraná que deflagrou a Operação Lava Jato. Moro a identificou como uma das maiores especialistas do Brasil em cooperação jurídica internacional.
“O objetivo é fortalecer a cooperação jurídica internacional e fortalecer o próprio DCI. É uma área estratégica. Nós vimos, não só na Operação Lava Jato, mas também em outros casos, como é comum a lavagem de dinheiro utilizando países do exterior e essa é uma área estratégica que se pretende fortalecer”, explicou Moro.
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O futuro ministro foi questionado sobre a atuação da delegada na Operação Ouvidos Moucos, que apurou denúncia de desvios de dinheiro no programa de educação a distância da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A ação policial resultou no afastamento e na prisão provisória do reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier, que, dias após ser solto, cometeu suicídio.
“A delegada tem minha plena confiança. O que aconteceu em Florianópolis foi uma tragédia. A delegada não tem responsabilidade sobre isso”, disse Moro. A Corregedoria da PF chegou a abrir um procedimento interno para verificar a conduta da delegada no caso, mas a apuração concluiu que ela não cometeu irregularidade no inquérito. Ela foi então promovida para o cargo de superintendente regional da PF no Sergipe, posição que ocupa desde fevereiro deste ano.
Outros nomes da equipe, possivelmente da Lava Jato
Moro também disse que outros nomes devem ser anunciados para compor a sua equipe. Questionado se o ex-coordenador da força-tarefa da PF no Paraná, Márcio Adriano Anselmo, é um deles, Moro disse apenas que “é possível, mas não tem nada definido ainda”.
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“De fato, existem muitas pessoas qualificadas que, circunstancialmente, passaram no âmbito da Operação Lava Jato, o que foi uma das razões do relativo sucesso da operação, e todas essas pessoas ,de certa maneira, estão no radar. Existem posições relevantes em outros órgãos do governo que essas pessoas podem ocupar”, explicou Moro.
Quem é Maurício Valeixo
Futuro chefe da Polícia Federal, Valeixo está há 22 anos na corporação. Natural de Mandaguaçu (PR), é formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Foi delegado da Polícia Civil do Paraná, tendo integrado o Tigre, grupo de elite da corporação especializado em sequestros. Em 1996, ingressou na Polícia Federal por meio de concurso público.
Foi coordenador de ensino da Academia Nacional da Polícia Federal, em Brasília, antes de assumir pela primeira vez a chefia da PF no Paraná, entre 2009 e 2011. Foi também adido da PF em Washington (EUA), entre 2013 e 2015.
Depois disso, colecionou atuações nos quase dois anos que esteve à frente da Diretoria de Combate ao Crime Organizado (Dicor). O posto é considerado o terceiro na hierarquia da Polícia Federal. Ele coordenou equipes que atuaram em operações de repercussão política e econômica, como a Zelotes e a Acrônimo, fases da Lava Jato que miraram em empreiteiros e políticos dos mais variados partidos. “
Atuou também na Operação Catilinárias, que teve como alvos parte do núcleo político do antigo PMDB (hoje MDB), como os ex-presidentes da Câmara, Eduardo Cunha e Henrique Alves, e na Operação Sépsis, que igualmente mirou peemedebistas ao prender o operador financeiro Lúcio Funaro.
Reassumiu a Superintendência da PF no Paraná, já famosa pelos desdobramentos da Operação Lava Jato, em dezembro de 2017. Em julho último, Valeixo se envolveu na polêmica da quase soltura do ex-presidente Lula, que cumpre pena em uma sala especial na sede da PF, em Curitiba. O delegado resistiu a cumprir o habeas corpus expedido pelo desembargador do TRF-4 Rogério Favreto. Valeixo informou Moro, que estava em férias, do ocorrido e aguardou uma nova decisão judicial que cassasse o primeiro despacho, o que veio a acontecer.