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| Foto: Lula Marques/Agência PT

O juiz Sergio Moro decretou nesta segunda-feira (31) a prisão preventiva, sem prazo para soltura, de Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, principal alvo da 42ª fase da operação Lava Jato. Moro atendeu a um pedido do Ministério Público Federal, que classificou de “imprescindível” a permanência de Bendine na cadeia “para a garantia da ordem pública, aplicação da lei penal e por conveniência da instrução criminal”.

No mesmo despacho, Moro também decretou a preventiva de dois operadores financeiros acusados de intermediar repasses de propina a Bendine: os irmãos André e Antônio Vieira, classificados por Moro de “profissionais da lavagem de dinheiro”. Os três foram detidos na última quinta-feira, na 42ª fase da Lava Jato. Os mandados de prisão temporária venceram nesta segunda-feira. Agora, com a conversão para preventiva, eles ficam presos em Curitiba por tempo indeterminado.

O Ministério Público Federal acusa Aldemir Bendine de pedir R$ 3 milhões em propina à Odebrecht na véspera de assumir o comando da Petrobras, em fevereiro de 2015. Na ocasião, a Lava Jato estava prestes a completar um ano e já havia descoberto o esquema de desvios na estatal. Bendine teria solicitado o dinheiro para “não prejudicar a Odebrecht em contratos com a Petrobras e amenizar as consequências da Lava Jato para a empreiteira”. Os pagamentos foram feitos em espécie, em três entregas entre junho e julho de 2015.

“É extremamente grave o momento vivido pelo país. Crimes desta natureza, no âmbito da Petrobras revelam que a lei, as investigações e diversas ações penais não serviram com prevenção especial, uma das principais funções do direito penal. Nesse contexto, a prisão preventiva se revela como única medida para cessar a prática delituosa”, afirmou o MPF ao pedir a permanência dos investigados na cadeia: “O avanço da operação Lava Jato não foi capaz de inibir o ímpeto criminoso de Bendine”.

Ele foi o primeiro ex-presidente da Petrobras a ser preso na Lava Jato. Bendine comandou a empresa de fevereiro de 2015 a maio de 2016. Ao ser anunciado pela ex-presidente Dilma Rousseff para substituir Graça Foster, o discurso era de que Bendine faria uma limpa na Petrobras e acabaria com a corrupção na empresa. O fato de o próprio Bendine ser preso sob a suspeita de receber propina também foi alvo de críticas do juiz Sérgio Moro.

“De particular gravidade, a solicitação e o recebimento, em cognição sumária, de vantagem indevida em dois momentos temporais e circunstancias distintos. Teria solicitado vantagem indevida no cargo de presidente do Banco do Brasil e teria reiterado a solicitação depois de assumir o cargo de presidente da Petrobras. Essa sucessão de fatos sugere que a solicitação e o recebimento de vantagem indevida por Aldemir Bendine não foram algo ocasional em sua vida profissional, mas uma prática corriqueira”, disse o juiz, lembrando que dois pagamentos ilícitos a Bendine teriam sido feitos após a prisão de Marcelo Odebrecht: “especialmente assustador”.

Bendine nega propina em depoimento à PF

O ex-presidente da Petrobras foi interrogado pela Polícia Federal nesta tarde e negou ter pedido ou recebido propina da Odebrecht. Bendine afirmou que possuía apenas um relacionamento institucional com Marcelo Odebrecht, ex-presidente da construtora, e que eles não tinham proximidade “devido à personalidade difícil do executivo”. “Eu tinha algumas rusgas com o Marcelo”, disse Bendine aos investigadores da Lava Jato. Ele também disse que sua prisão é “injusta”, pois teria sido um dos maiores colaboradores da Lava Jato enquanto esteve no comando da Petrobras.

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