Troca de farpas e tom severo marcaram o depoimento do jornalista e escritor Fernando Morais nesta segunda-feira (11) ao juiz Sergio Moro. Morais foi ouvido como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na ação penal que envolve o sítio em Atibaia (SP). Autor de “Olga” e “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, ele está escrevendo um livro sobre o petista.
O escritor contava que, a partir de 2011, passou a acompanhar o ex-presidente em viagens que fazia ao exterior para realizar palestras. Foi então que relatou um encontro de Lula com o cantor Bono Vox, que teria comparado o petista a Nelson Mandela.
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Segundo Morais, o artista teria dito a jornalistas: “Depois da morte do Mandela, só existe no mundo uma pessoa capaz de juntar ricos e pobres, pretos e brancos, gordos e magros, e essa pessoa se chama Luiz Inácio Lula da Silva”.
Neste momento, Moro interveio. “Essa questão tem relevância para o caso por qual motivo, doutor?”, perguntou ao advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin.
Zanin argumentou que a reputação do acusado é importante para o processo, dando início a uma discussão entre defesa e juízo. “Não sei se incomoda Vossa Excelência a questão da reputação”, disse o advogado. “Só não acho que o processo deve ser utilizado para este tipo de propaganda”, respondeu Moro, provocando uma reação indignada no escritor. “Propaganda!?”
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Morais, em seguida, perguntou se poderia fazer uso da palavra. “Não, o senhor responde as perguntas que forem feitas”, cortou Moro. “Sim, senhor.”
Zanin, então, questionou se o jornalista presenciou qualquer ato ilícito promovido pelo ex-presidente. Morais negou e reafirmou que Lula nunca pediu que ele o deixasse a sós com qualquer pessoa. O escritor também aproveitou para defender que exerce jornalismo, e não propaganda.
“O meritíssimo fez uso da palavra propaganda, que eu repudio. Não estou aqui fazendo propaganda. As viagens que eu fazia com o presidente só ia no avião que o transportava quando havia lugar sobrando. Quando não havia, minhas viagens eram pagas pela [editora] Companhia das Letras”, afirmou. “Não iria jogar fora uma carreira de 50 anos para fazer propaganda de um presidente da República.”
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