Ao tratar das frequentes discussões com os advogados de Lula em audiências da Lava Jato na sentença contra o ex-presidente, o juiz Sergio Moro citou e elogiou um dos mais conhecidos criminalistas de Curitiba: René Dotti, que representa a Petrobras nos processos da operação. Moro lembrou uma discussão com o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, durante o depoimento presencial do ex-presidente, no dia 10 de maio.
Na ocasião, Moro perguntou a Lula sobre o mensalão e Zanin interrompeu o juiz, mais de uma vez, argumentando que o tema não fazia parte da denúncia. Moro insistiu e Zanin levantou o tom. Foi quando Dotti pediu a palavra e deu uma bronca no colega, defendendo o juiz e a validade das perguntas sobre o mensalão. “Permita-me, meu colega, o magistrado tem evidentemente o interesse de apurar o fato e as condições pessoais do acusado na individualização da pena, se for o caso, os seus antecedentes, a sua personalidade, enfim, as condições pessoais, a sua moral inclusive, principalmente o seu caso moral”, disse Dotti.
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Para o defensor da Petrobras, o interrogatório de Lula não podia ser transformado em um confronto pessoal da defesa com o juiz. “Não estou julgando ninguém, estou justificando a pergunta do juiz, e o juiz pode perguntar por que é matéria de fixação da pena, o juiz pode fazer isso”, completou. Dotti também afirmou que a defesa de Lula estaria desrespeitando o juiz. Ele ainda criticou os advogados que interrompiam Moro e falavam sem pedir a palavra: “Isso não se faz numa audiência, proteste contra o juiz, recorra contra o juiz, mas não enfrente o juiz pessoalmente na audiência”.
Moro transcreveu a discussão na sentença contra Lula, elogiou a postura de René Dotti e criticou os advogados do ex-presidente. “O comportamento inadequado da defesa de Lula foi inclusive objeto de censura pelo renomado e veterano advogado criminal René Ariel Dotti, atuando como representante da Petrobras”, escreveu o juiz.
Repercussão
A bronca de René Dotti nos defensores de Lula teve grande repercussão após a divulgação dos vídeos da audiência. Em entrevista à Gazeta do Povo, o advogado comentou o caso: “resolvi intervir para demonstrar que não é possível transformar uma audiência num palco de confrontação, num cenário de guerra para efeito de publicidade midiática. O que o advogado queria, evidentemente, era fazer uma propaganda para a defesa de seu cliente”.
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