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Sergio Moro, Michael Bloomberg e João Doria | Facebook/João Doria
Sergio Moro, Michael Bloomberg e João Doria| Foto: Facebook/João Doria

No dia seguinte ao do jantar em que foi chamado de “herói nacional” por João Doria, Sergio Moro acordou com uma dúvida sobre qual gravata usaria num evento organizado em Nova York pelo grupo do candidato tucano ao Palácio dos Bandeirantes, nesta quarta-feira (16).

“Tinha uma gravata vermelha e uma gravata azul, isso pode ter diferentes sentidos”, disse o juiz federal, num encontro do Lide em Manhattan. “A vermelha poderia significar Partido Republicano ou Partido dos Trabalhadores. A azul poderia ser o PSDB ou até o Partido Democrata.”

Mas Moro, que foi com a vermelha, não teve dúvidas ao aceitar convites para falar ao longo desta semana nos Estados Unidos e não se arrepende, como já disse em relação ao senador tucano Aécio Neves, de posar para retratos ao lado de Doria no Museu de História Natural, onde ele foi premiado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos na noite de terça (15).

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“Estou num evento social e tiro uma foto, isso não significa nada. É uma bobagem isso”, disse Moro, pouco antes de seu discurso a um grupo de empresários num hotel em frente o Central Park. “Não me arrependo nem um minuto de aceitar esses convites”, afirmou, lembrando que não tem uma relação pessoal com Doria.

Em Nova York, Moro participou de encontros organizados por bancos, centros de estudos e grupos empresariais, como o Lide, ligado a Doria. No fim de semana, ainda segue para uma palestra na Universidade Notre Dame, em Indiana, centro-oeste dos EUA.

Essa é sua terceira viagem ao país neste ano. Sua onipresença em terras ianques despertou até o comentário do ex-ministro e empresário Luiz Fernando Furlan que Moro não pode andar pela Quinta Avenida sem ser abordado pelo “trabalho icônico” que ele vem fazendo na Lava Jato.

Mas há também os que veem partidarismo em suas decisões, como as dezenas de manifestantes que se juntaram na porta do Museu de História Natural debaixo de chuva para cantar “Moro salafrário, juiz partidário” e chamar de golpistas os convidados do jantar de gala em homenagem ao juiz de Curitiba.

Moro, em seu discurso a empresários, tentou desfazer qualquer impressão de perseguição a um partido específico dizendo que “somos todos seres humanos, com nossas virtudes e nossas falhas, e a corrupção pode afetar alguém de qualquer espectro político”, acrescentando que houve políticos de várias siglas condenados na Operação Lava Jato.

O juiz também insistiu que sua participação em eventos de negócios tem a ver com o fato de a corrupção não ser restrita a agentes do governo e que empresas têm um papel no combate a desvios de conduta em todo o poder público.

Na sequência, Moro defendeu a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, dizendo que isso não fere o princípio de presunção de inocência e elogiando “votos belíssimos” de uma série de ministros do Supremo.

Mas tentou ser democrático. O juiz de primeira instância tentou citar o maior número possível de seus colegas na mais alta corte do país para não causar ciúmes entre eles.

Sua intimidade com os Estados Unidos, onde disse que a presunção de inocência é um princípio inabalável, é tanta que disse que pessoas perguntam se ele é agente da CIA, o serviço de inteligência do país.

Um empresário na plateia ainda quis saber se ele se encontraria com Robert Mueller, o procurador especial americano que investiga as relações suspeitas do presidente Donald Trump com a Rússia.

Seguido pelas câmeras de TV, Moro logo depois deixou o salão do hotel para mais um compromisso em Manhattan.

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