O juiz federal Sergio Moro reforçou nesta terça-feira (15) que não tem interesse em disputar eleições. “Fiz uma opção pela magistratura, não serei candidato”, disse o magistrado, responsável pelas ações em primeira instância da Lava Jato em Curitiba. Moro tem sido listado em pesquisas para a disputa presidencial de 2018 – em junho, ele apareceu com 14% das intenções de voto em sondagem do Datafolha.
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O juiz participou da abertura do Fórum Jovem Pan Mitos e Fatos da Justiça Brasileira, em São Paulo. Respondeu uma série de perguntas dos convidados, grande parte sobre os trabalhos da Lava Jato. Evitou falar sobre um prazo para o fim da operação, mas disse que “no que se refere aos crimes praticados no âmbito da Petrobras, grande parte já foi processada”.
Moro também citou que a luta contra a impunidade não deve estar atrelada apenas à Lava Jato. “Essa operação vai se encerrar em algum momento, mas o enfrentamento da corrupção vai precisar seguir”. Segundo Moro, a corrupção nunca deixará de existir na sociedade brasileira. “A corrupção sempre vai existir. O ser humano é um âmago de vícios e virtudes e sempre vão existir aqueles que se corrompem, fora talvez de utopias. Mas essa corrupção como a regra do jogo, como a prática automática, como a prática consentida, ela é algo que realmente deve ser enfrentado e é algo que é merecedor de grande preocupação”, disse o juiz.
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Para o magistrado, a corrupção afeta diretamente a qualidade da democracia no país. “As pessoas passam a perder fé no sistema democrático quando veem que a trapaça é a regra e que essa trapaça permanece impune”, disse. Para ele, a sociedade brasileira não pode passar por retrocessos. “Retrocessos vão passar uma mensagem errada de que as instituições avançaram, mas não aguentaram esses avanços, e precisam dar um passo atrás para voltar a um cenário de corrupção sistêmica”, afirmou.
Reforma política
O magistrado também aproveitou o espaço para criticar a reforma política em discussão no Congresso. O principal problema apontado pelo magistrado é a forma de distribuição do financiamento público de campanhas entre os partidos. Par Moro, o modelo em discussão vai dificultar a renovação dos mandatos parlamentares.
“Há uma tendência de quem está dentro do sistema, em um cargo político eleito, queira continuar dentro e queira deixar fora quem está fora, então um financiamento público, por bem intencionado que seja, tem que ser muito bem pensado para evitar esse tipo de problema”, disse Moro.
Se o cálculo permanecer como está, os partidos mais enrolados na Lava Jato serão os mais beneficiados pelo dinheiro público do financiamento eleitoral em 2018. “Com todo respeito ao Parlamento, essa reforma política, da forma que está sendo pensada, não é uma verdadeira reforma política. Tem que se pensar de uma maneira diferente para se enfrentar esse problema”, disse Moro.
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