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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

As acusações do ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran em relação ao acordo de colaboração premiada firmado por executivos da empreiteira ganharam mais um capítulo nesta terça-feira (29). Após a repercussão do caso, a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao juiz federal Sergio Moro que Duran fosse ouvido como testemunha no processo que apura a compra, pela Odebrecht, de um terreno para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula. O pedido foi negado por Moro.

A defesa levou em consideração reportagem publicada no fim de semana pelo jornal Folha de S. Paulo, na qual Duran afirma que o advogado Carlos Zucolotto, amigo pessoal de Moro, teria se oferecido para atuar na negociação de acordo dos executivos da Odebrecht. Zucolotto também seria advogado do procurador da República Carlos Fernando Lima, que atua na força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF).

“Evidente que tais fatos são sobremaneira relevantes para o desfecho da presente ação penal, pois tocam a idoneidade e a legalidade de processos de colaboração premiada de executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht”, dizem os advogados da Lula na petição.

“Importante destacar, ainda, que o peticionário não está a fazer qualquer juízo de valor em relação às declarações emitidas pelo Sr. Rodrigo Tacla Duran, muito menos desconsiderando a garantia da presunção de inocência que sempre foi defendida em seu favor e em favor de todos – mas nem sempre considerada por este juízo e pelos procuradores da força-tarefa da Lava Jato”, cutuca a defesa de Lula.

Ao negar o pedido, Moro levou em consideração que Duran é um fugitivo da Justiça. “A palavra de pessoa envolvida, em cognição sumária, em graves crimes e desacompanhada de quaisquer provas de corroboração não é digna de crédito, como tem reiteradamente decidido este Juízo e as demais Cortes de Justiça, ainda que possa receber momentâneo crédito por matérias jornalísticas descuidadas”, disse Moro.

A denúncia

No domingo (27), a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, informou que Rodrigo Tacla Duran acusou o advogado trabalhista Carlos Zucolotto Jr “de intermediar negociação paralela com a força-tarefa da Operação Lava Jato”.

No mesmo dia, Moro entrou em contato com Zucolotto e emitiu nota negando as acusações. Para o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro – o Kakay – houve uma combinação de resposta no episódio, o que, segundo ele, poderia ser interpretado como obstrução de Justiça e levar Moro à prisão.

Para Kakay, “o fato do juiz ter entrado em contato diretamente com o advogado Zucolatto, seu padrinho de casamento, para enviar uma resposta à Folha, ou seja, combinar uma resposta a jornalista, seria interpretado como obstrução de Justiça, com prisão preventiva decretada com certeza”, disse Kakay em nota distribuída à imprensa.

“Ou seja, embora exista a hipótese desses fatos serem falsos o que nos resta perguntar é como eles seriam usados pela República do Paraná? Se o tal ‘Deuslagnol’ [referência ao procurador da República Deltan Dallagnol] não usaria a imprensa e a rede social para expor estes fortes “indícios” que se entrelaçam na visão punitiva. Devemos continuar dando a eles a presunção de inocência, mesmo sabendo que eles agiriam de outra forma. Como diz o poeta, “a vida dá, nega e tira”, um dia os arbitrários provarão do seu próprio veneno”, concluiu Kakay na nota.

O procurador da República Carlos Fernando Lima, integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, usou as redes sociais nesta segunda-feira (28) para criticar o criminalista. “Kakay diz que Sérgio Moro deveria ser preso em decorrência das fantasias de um livro de um réu foragido, cujos trechos foram publicados em uma coluna social. Mesmo considerando os flexíveis limites éticos do “autoproclamado melhor advogado do país”, desta vez Kakay foi longe demais”, disse o procurador.

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