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Jair Bolsonaro e o futuro ministro Sergio Moro: presidente deu carta branca para o juiz trabalhar. | Antonio Cruz/Agência Brasil
Jair Bolsonaro e o futuro ministro Sergio Moro: presidente deu carta branca para o juiz trabalhar.| Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) prometeu um intenso combate à corrupção durante seu governo com o juiz federal Sergio Moro à frente do Ministério da Justiça. “Moro vai pegar vocês, corruptos. Antes ele pescava de varinha, agora vai ser com rede arrastão de 500 metros”, afirmou durante live realizada em sua conta no Facebook, nesta sexta-feira (9).

Ele também disse que Moro terá carta branca para trabalhar e voltou a dizer que conversou com o juiz somente após o segundo turno das eleições 2018. Antes, disse, a única interação entre os dois havia sido meses antes em uma conversa rápida em um aeroporto. Com isso, Bolsonaro afasta qualquer questionamento sobre interferências no processo eleitoral e a possibilidade de que o convite para assumir o ministério tivesse sido feito antes da hora.

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Bolsonaro aproveitou para criticar o ensino da ideologia de gênero nas escolas e o atual modelo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Neste ano, a prova trouxe temas como feminismo, ditadura militar e gírias do universo LGBT: “O que interessa a linguagem daquelas pessoas? Podem ter certeza que não vai ter questão deste tipo ano que vem, apenas o que interessa ao futuro do nosso Brasil. Queremos que a molecada aprenda algo que dê futuro. Quer ser feliz com outro homem ou outra mulher, tudo bem, mas não fica enchendo o saco na escola”, afirmou.

O futuro presidente também confirmou que retornará a Brasília na próxima semana, apesar do feriado, para continuar os trabalhos da equipe de transição. Ele prometeu que os nomes dos ministros da Educação, Saúde e Relações Exteriores serão anunciados nos próximos dias.

Exploração da Amazônia

Na transmissão, Bolsonaro demonstrou interesse em permitir que empresas de alguns países explorem os recursos naturais da Amazônia. Ele questionou “por que não fazer acordo” para explorar a região “sem viés ideológico”.

Nos 40 minutos de sua fala, durante a qual por diversas vezes criticou a gestão do meio ambiente no Brasil, Bolsonaro afirmou que o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) cometem “caprichos”. O presidente eleito ainda disse que pretende avançar com o turismo em áreas protegidas ambientalmente para garantir que não sejam abandonadas.

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“Se tivesse hotéis em áreas protegidas, o meio ambiente estaria preservado. O turismo preservaria o meio ambiente e não essa forma xiita do Ibama”, afirmou.

Embora demonstre interesse em explorar a Amazônia, Bolsonaro não informou quais setores e países teriam acesso à região em seu governo. Mais uma vez, apenas citou o mercado de nióbio, que, segundo o presidente eleito, “não será privatizado”. Disse ainda que “parece que 40% das multas (ambientais) aos produtores” vão para organizações não governamentais. “Não vai ter ativismo”, acrescentou.

“Brasil é o país dos direitos, só não tem emprego”

Citando empresários, o presidente eleito relacionou as leis que os empregadores devem seguir ao tamanho do desemprego no país. Segundo o último levantamento do IBGE, são 12,5 milhões de pessoas sem trabalho no país.

Bolsonaro comparou o país com os Estados Unidos, onde disse que os trabalhadores podem trabalhar 15 horas e ganhar por isso, assim como podem folgar (e não receber). “O Brasil é o país dos direitos, só não tem emprego”, disse e afirmou que a meta da sua equipe econômica é aumentar o número de empregos. “Eu não vou tirar direito. Está na Constituição. Não vou dar murro em ponta de faca.”

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Ele atribuiu a relação entre direitos trabalhistas e empregos aos empresários com quem conversa. “Os empresários estão falando isso. Ou tem emprego e menos direitos, ou tem direito e menos empregos”.

Sobre as críticas que recebeu após afirmar que irá extinguir o Ministério do Trabalho, Bolsonaro afirmou que não irá acabar com a CLT. O presidente eleito criticou os sindicalistas, que, segundo ele, disseram que os direitos trabalhistas correm riscos. “É muito fácil a vida de sindicalista, não são todos, mas eles ficam lá engordando e criticando”.

“Ainda não sou o presidente”

Durante o pronunciamento na rede social, o capitão reformado afirmou que ainda não tem poder de decisão sobre os rumos do país. E disse que o aumento do salário dos magistrados é uma decisão do presidente Michel Temer. “Eu ainda não sou presidente. Estão colocando na minha conta o reajuste do judiciário! Como se eu tivesse poder. A decisão é do presidente Michel Temer”, disse.

De acordo com o Bolsonaro, ele já havia falado o que achava sobre o assunto. Uma semana antes, o capitão reformado havia dito que não poderia haver aumento somente para um setor.

Sobre a reforma da Previdência, o presidente eleito negou que irá aumentar a alíquota da previdência dos servidores públicos. “Estão falando que eu vou aumentar de 11% para 22% o desconto previdenciário, isso é um absurdo”, disse.

A proposta em questão, elaborada por técnicos do Congresso, sugere, entre outros pontos, o aumento da alíquota de contribuição de servidores para até 22% e mudança na regra de cálculo dos benefícios do INSS que exige 40 anos para ter acesso ao valor máximo da aposentadoria.

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