O Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) ocupou fazendas de políticos e amigos do presidente Michel Temer (PMDB) nesta terça-feira (25). A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas e tem como alvo “fazendas ligadas a processos de corrupção ou a corruptos” – o objetivo é que as áreas sejam destinadas a reforma agrária.
Entre as propriedades estão a do coronel João Baptista Lima, amigo de Temer, de Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de Blairo Maggi, ministro da Agricultura, e de Ciro Nogueira, presidente do PP. O MST diz ter ocupado também a base militar de Alcântara, no Maranhão, a sede do Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra) no Sergipe e uma fazenda no Paraná.
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Fazenda de coronel amigo de Temer é alvo recorrente
Segundo o movimento, a propriedade fazenda Esmeralda é atribuída a Temer. Oficialmente, a fazenda está registrada parte no nome de Lima (749,1 hectares) e parte (1.245,84 hectares) no nome da Argeplan, escritório de arquitetura e engenharia de que o coronel é sócio. O local já foi ocupado pelo MST antes: em maio de 2016, eles foram à fazenda para “denunciar as conspirações golpistas de Temer”. Afirmam que, naquela ocasião, encontraram cartas endereçadas a Temer e materiais de sua campanha a deputado federal de 2006.
Procurada pela reportagem nesta manhã, a Polícia Militar de Duartina confirma que há uma ocorrência em andamento na fazenda, mas não informou detalhes sobre o caso. O movimento afirma que há 800 militantes no local.
Lima é tido como figura-chave nas investigações da Polícia Federal sobre o presidente. Dois executivos da JBS afirmaram, em acordo de delação, que a empresa deu R$ 1 milhão nas mãos de Lima, em 2014, como parte de um suposto acordo feito entre Temer e Joesley Batista.
Outras propriedades são invadidas
Mais de 300 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a fazenda Santa Rosa, no município de Piraí, região Sul Fluminense. A propriedade pertenceria ao ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira. Segundo o movimento, a fazenda tem mais de 1.500 hectares de extensão.
Teixeira é investigado por um esquema de corrupção envolvendo a realização de jogos de futebol. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta segunda-feira (25) que seja encaminhada ao Brasil a investigação conduzida por autoridades espanholas sobre o cartola. Ele é acusado de ser o principal responsável por um esquema de desvio de dinheiro de jogos da seleção brasileira.
Conforme o jornal O Estado de S. Paulo revelou em 2013, acordos secretos permitiram que a renda dos jogos da seleção fosse desviada para uma empresa em nome de Sandro Rosell, aliado de Teixeira e ex-presidente do Barcelona. No mês passado, Rosell foi preso e a Justiça espanhola apontou que parte do dinheiro que ia para sua empresa, a Uptrend, terminava com o próprio Teixeira.
Além desta propriedade, o MST informou fazenda do Grupo Amaggi, pertencente à família do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, localizada às margens da BR 163, no município de Rondonópolis (MT).
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