A munição que matou a vereadora carioca Marielle Franco (Psol) na última quarta-feira (14) foi comprada pela Polícia Federal em dezembro de 2006. A informação foi divulgada pelo “RJTV”, da TV Globo.
Segundo o telejornal, a perícia identificou a origem da munição com base nas capsulas das balas encontradas na cena do crime. A munição teria sido comprada de uma empresa privada pela Polícia Federal de Brasília. Ainda de acordo com o jornal, a munição não tinha sinais de modificações. Marielle morreu com tiros de pistola calibre 9 milímetros.
São comuns, contudo, desvios de munição comprada por órgãos oficiais. Também é comum que cápsulas sejam reaproveitadas. A Polícia Federal abriu inquérito para investigar as munições que mataram a vereadora. A PF, inclusive, se ofereceu para ajudar nas investigações, que continuam a cargo da Polícia Civil do Rio.
Placa de carro suspeito é identificada
A placa de um carro suspeito de levar criminosos envolvidos no assassinato da vereadora foi identificada pela polícia. De acordo com os investigadores, imagens de câmeras de segurança da região da Lapa registraram dois homens parados dentro de um veículo por duas horas nas cercanias da Casa das Pretas, na Rua dos Inválidos, onde Marielle participou de uma reunião de mulheres negras.
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O local foi o último em que a vereadora passou antes de ser morta com quatro tiros na cabeça. Segundo as imagens, os suspeitos falavam no celular e seguiram o carro de Marielle após o debate no sobrado da Lapa. A placa mostra que o carro é de Nova Iguaçu, município da Baixada Fluminense.
A polícia tenta identificar os interlocutores da dupla nas conversas telefônicas, e dados das operadoras estão sendo coletados.
Veja o que se sabe do assassinato da vereadora Marielle Franco:
De acordo com investigadores, nas cenas flagradas por câmeras na Lapa é possível ver que carros suspeitos chegaram a trocar sinais de farol durante a movimentação de saída da parlamentar do debate na Casa das Pretas. Minutos mais tarde, houve o assassinato.
De dois a três veículos, segundo os investigadores, participaram do crime. Os dois primeiros que trocaram sinais de farol e talvez um terceiro que emparelhou com o carro da vereadora no momento do assassinato. A polícia, porém, desconfia que um dos primeiros carros a segui-la possa ser o que emparelhou depois, mas essa confirmação depende ainda de novas análises de câmeras de rua.
Um carro emparelhou com o da vereadora no Estácio, zona norte do Rio, cerca de 4 km adiante do local do debate. Treze tiros foram disparados. Inicialmente, achava-se que nove tiros foram disparados, com base nas capsulas encontradas no local do crime. A investigação mostrou que outros quatro tiros disparados não atingiram o carro. Marielle, 38 anos, e o motorista Anderson Pedro Gomes, 39, foram mortos. Marielle levou quatro tiros na cabeça e o motorista, três tiros nas costas. Uma assessora da vereadora que estava no carro sobreviveu.
Marielle estava em um carro de vidro escuro, no banco de trás, do lado direito do veículo, onde se concentrou a maior parte dos disparos. Por causa da dinâmica usada pelos criminosos na morte, a principal hipótese dos investigadores é de um crime premeditado. O Disque Denúncia já recebeu pelo menos dez denúncias sobre o caso.
Um policial civil experiente que conversou com a reportagem na condição de não ter seu nome divulgado afirmou que é raro que o atirador consiga acertar quatros tiros na cabeça da vítima. Isso mostraria que o assassino tinha experiência nesse tipo de crime. Quando a vítima não está sob jugo do agressor, costuma haver um ou dois tiros na cabeça e o restante no corpo. Segundo esse policial, requer certa técnica atirar em curto espaço de tempo quatro tiros num mesmo alvo por conta do recuo da arma durante o disparo.
Nada foi roubado do carro de Marielle. De todo modo, assaltos são frequentes na região em que ela foi morta. O vereador Renato Cinco (PSOL) foi roubado na madrugada de quinta (15). Ao voltar para casa após um ato em homenagem à companheira de partido, Renato teve o carro cercado por ladrões na esquina da ruas Joaquim Palhares e João Paulo I, no Estácio. A esquina fica distante cerca de 400 metros do local do assassinato da vereadora. Na ação, a chave do carro quebrou e os ladrões levaram apenas celulares e objetos pessoais. O roubo aconteceu cinco horas depois da morte de Marielle.
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