| Foto: Geraldo Magela/Geraldo Magela/Agência Senado

Em sua primeira aparição pública após o plenário do Senado ter lhe devolvido o mandato, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) voltou nesta quarta-feira (18) ao Congresso Nacional, após ter passado 21 dias fora. O tucano chegou acompanhado de assessores e entrou pelo cafezinho, evitando chamar a atenção de curiosos e da imprensa.

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Em seu primeiro discurso, Aécio disse não voltar “com rancor ou ódio”. Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), ele estava afastado do mandato e proibido de deixar sua residência à noite durante esse período.

Aécio chegou apenas quando a sessão do plenário já havia começado. Ele esperou ser informado de que o salão estava cheio para deixar sua residência no Lago Sul em direção ao Senado. Não houve nenhuma manifestação entre os senadores sobre a entrada do tucano. Ele foi anunciado pelo presidente da Casa, Eunício Oliveira (PSDB-MG), que em seguida lhe concedeu a palavra.

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Infográfico: Veja como cada senador votou na sessão que devolveu mandato de Aécio

O tucano repetiu em seu discurso, que durou dois minutos, as mesmas palavras ditas por meio de nota divulgada na terça-feira (17) por sua assessoria.

Ele se disse “vítima de uma ardilosa armação, criminosa armação perpetrada por empresários inescrupulosos que enriqueceram às custas de dinheiro público e que não tiveram qualquer constrangimento em acusar pessoas de bem na busca dos benefícios de uma inaceitável delação”.

O tucano atacou a delação da JBS, que disse estar suspensa “em razão de parte da verdade estar vindo à tona”. E dirigiu críticas ainda à gestão anterior da PGR, evitando citar nomes. “Mas o que é mais grave, corroboraram, contribuíram para essa trama ardilosa homens do Estado, notadamente alguns que tinham assento até muito pouco tempo na Procuradoria-Geral da República”.

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Aécio se disse ainda vítima de ataques “dos mais vis e graves nos últimos dias”. Ele é alvo de denúncia pela PGR pelos crimes de corrupção passiva e obstrução da Justiça. Aécio foi gravado em março pelo empresário e delator Joesley Batista, da JBS, a quem pediu R$ 2 milhões.

Após o discurso, ele se sentou ao lado do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) para acompanhar a sessão, tomou um cafezinho e um copo de água. “Será no exercício do mandato que irei me defender das acusações absurdas e falsas. Vou trabalhar a cada dia, a cada instante, para provar a minha inocência”, declarou.

Na noite de terça-feira (17), por 44 votos a 26, os senadores derrubaram as medidas cautelares impostas ao senador mineiro pelo STF. Para que o Senado rejeitasse as medidas, era necessário o apoio de 41 parlamentares.

Manter mandato de Aécio não implica juízo sobre seus atos, diz PSDB

A executiva nacional do PSDB divulgou nota nesta quarta-feira (18) dizendo que o apoio da bancada em favor de Aécio “não implica de forma nenhuma em um juízo de valor sobre as atitudes do senador”.

De acordo com a mensagem, os dez votos de tucanos favoráveis à reversão das cautelares impostas a Aécio devem-se “única e exclusivamente à nossa convicção de que todo e qualquer cidadão tem direito à ampla defesa e ao contraditório, princípios básicos do Estado Democrático de Direito”.

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O texto diz ainda que a decisão de modificar a determinação da Justiça “muito menos pode ser entendida como parte de qualquer acordo relacionado à votação da denúncia contra o presidente da República na Câmara dos Deputados”.

Além desse trecho da nota, o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), negou que o partido vá retribuir na Câmara o apoio dado pelo PMDB ao 18 senadores da sigla terem votado na terça (17) em favor de Aécio. A Câmara começou a analisar nesta quarta um parecer sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer pelos crimes de obstrução da Justiça e organização criminosa.

Ainda no texto, o PSDB disse que “reafirma seu compromisso contra a impunidade, defendendo a ampla investigação de toda e qualquer denúncia devidamente fundamentada contra quem quer que seja, inclusive membros do partido, assegurados todos os direitos e garantias processuais, corolários da igualdade de todos perante a lei”.