As delações da Odebrecht não atingem apenas todos os ex-presidentes vivos do Brasil: vários presidenciáveis também estão na lista de políticos citados por executivos da empreiteira. Nanicos, tucanos e até um socialista são alvos de inquéritos ou petições. As marcas da Odebrecht estão lá, do repasse de caixa 2 para as campanhas a negociação de contratos em redutos eleitorais desses políticos. E não é só: até ‘ajuda’ em debate eleitoral foi negociada em troca de mais dinheiro. Não foram citados – até o momento – Ciro Gomes, Enéas Carneiro, Heloísa Helena, Cristovam Buarque, Marina Silva e Luciana Genro.
Confira seis candidatos que foram citados nas delações
Everaldo Dias Pereira, o Pastor Everaldo, teria recebido um repasse de R$ 6 milhões, por meio de recursos não contabilizados (caixa 2), sob pretexto de doação para campanha eleitoral de 2014. Em delação, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis conta que desde o primeiro encontro, Pastor Everaldo pedia colaboração para a campanha, com o argumento de que teria votos de uma parcela relevante da comunidade evangélica. O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também intermediou os encontros. A Odebrecht aproveitou discurso de Everaldo era pró-investimento privado para justificar o repasse. Além do dinheiro, Reis pediu que Everaldo escolhesse Aécio Neves para fazer perguntas no debate presidencial, o que de fato ocorreu. Ele também foi citado por receber repasses para garantir os interesses do Grupo Odebrecht em contratos de saneamento em municípios do Rio de Janeiro.
Quem delatou: Renato Amaury de Medeiros, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis e Renato Cumplido
Dois delatores afirmaram que, em 2010, a Odebrecht teria feito pagamento por meio de recursos não contabilizados (caixa 2) para José Maria Eymael, no valor de R$ 50 mil.
Quem delatou: Carlos Armando Guedes Paschoal e Benedicto Barbosa da Silva Júnior
As duas situações delatadas ocorreram enquanto Eduardo Campos era governador de Pernambucano. Em um caso, uma empresa parceira do grupo Odebrecht – a DAG Construtora – foi escolhida para tocar uma Parceria Público-Privada (PPP) do Centro Integrado de Ressocialização. Em troca, haveria o financiamento da campanha de Campos à presidência, com possível distribuição de dividendos de financiamento do BNDES. Houve promessa de pagamentos de valores para a campanha de Paulo Câmara ao governo de Pernambuco, o que não se concretizou. Também foi feito o pagamento de R$ 500 mil para a campanha de Geraldo Julio à prefeitura de Recife em 2012, candidatura apoiada por Campos. Outra delação aponta que Eduardo Campos e seu interlocutor, Aldo Guedes, solicitaram e receberam entre 2007 e 2012 vantagem indevida em 3% do valor do contrato da obra Adutor Pirapama para a Odebrecht, o que representaria R$ 5 milhões. Há relatos de doação oficial para a campanha presidencial de 2014, inclusive após a morte de Campos, no valor de R$ 1,28 milhão.
Quem delatou: Marcelo Odebrecht, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, João Antônio Pacífico Júnior e Carlos Fernando do Vale Angeiras
Em um episódio relatado, após vencer a concorrência para o Lote 2 do Rodoanel, um diretor da Dersa (empresa de economia mista controlada pelo governo de São Paulo) teria solicitado o pagamento de R$ 1,2 milhão para custeio de campanhas eleitorais. Quando José Serra era governador de São Paulo, em 2007, um decreto seu impôs uma renegociação de contratos mantidos com o Poder Público. Depois dessa repactuação, teriam sido repassados R$ 2,2 milhões, a pedido de Paulo Vieira de Sousa. Também teriam sido repassados R$ 6 milhões para campanhas de Serra em troca de auxílio em obras de infraestrutura, concessões na área de transporte e saneamento no estado. O delator Pedro Novis relata ter pago outros R$ 23,3 milhões a pedido do grupo de Serra para custeio de campanhas do PSDB.
Quem delatou: Arnaldo Cumplido de Souza Couto, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Carlos Armando Guedes Paschoal, Luiz Eduardo da Rocha Soares e Roberto Cumplido
De acordo com as delações, a Odebrecht teria repassado R$ 8,3 milhões não contabilizados para as campanhas de Geraldo Alckmin em 2010 e 2014. A empreiteira fez uma doação oficial de R$ 400 mil à campanha de 2010.
Quem delatou: Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Carlos Armando Guedes Pachoal e Arnaldo Cumplido de Souza e Silva
De acordo com as delações, o grupo Odebrecht teria feito contribuições para a campanha de Anthony Garotinho ao governo do Rio de Janeiro, em 2014, e também para sua mulher, Rosinha Garotinho, à prefeitura de Campos dos Goytacazes, em 2008 e 2012. Todos os repasses não teriam sido contabilizados.
Quem delatou: Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Leandro Andrade Azevedo
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