Paulo Pimenta, deputado do PT: | Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS) criticou neste domingo (13) a prisão do italiano Cesare Battisti e sua extradição para a Itália. “Não se trata de uma discussão ideológica e sim jurídica constitucional. Quando você politiza as decisões jurídicas você fragiliza o Estado democrático”, afirmou à reportagem. 

CARREGANDO :)

Em 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi quem decidiu pela permanência de Battisti no Brasil, onde ele estava preso desde 2007. Mas, em 2018, sua prisão foi novamente decretada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux, e o então presidente Michel Temer assinou sua extradição. 

Battisti foi preso neste sábado (12) e deverá ser extraditado diretamente para Roma, onde foi condenado por quatro assassinatos na década de 1970. Ele, que estava foragido desde 14 de dezembro, foi encontrado em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, pela Interpol.

Publicidade

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) parabenizou nas redes sociais os responsáveis pela prisão de Battisti. Ele também aproveitou a ocasião para afirmar que o terrorista italiano é “companheiro de ideias” do PT ao chamar novamente o governo do partido de corrupto. “Parabéns aos responsáveis pela captura do terrorista Cesare Battisti! Finalmente a justiça será feita ao assassino italiano e companheiro de ideias de um dos governos mais corruptos que já existiram do mundo (PT).”

Além de Pimenta, o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, também se manifestou sobre o caso. “Conheci Cesare Battisti e li muito sobre o processo que levou à sua condenação. Acredito que 99% das pessoas que o atacam o fazem porque desconhecem os detalhes do processo ou porque odeiam ativistas de esquerda. Creio na inocência de Cesare. Espero que a Bolívia não o extradite”, afirmou ele no Twitter.

Amigos pedem asilo político na Bolívia

Em carta endereçada ao vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, amigos de Cesare Battisti pedem que o governo Evo Morales conceda asilo político ao italiano preso na madrugada deste domingo (13) em Santa Cruz de La Sierra.

“Pedimos respeitosamente que você ajude o Estado boliviano a conceder-lhe a oportunidade de se defender em um tribunal (…) É essencial ter em mente que se Battisti for devolvido ao Brasil ou entregue à Itália terá uma morte terrível e muito triste. Pedimos que Cesare Battisti tenha refúgio político na Bolívia”, diz a carta assinada pelo historiador argentino radicado no Brasil Carlos Lungarzo, autor de um livro sobre o italiano e amigo pessoal de Battisti.

QUEM É CESARE BATTISTI: A Gazeta do Povo foi à Itália conhecer a história do terrorista

Publicidade

Segundo amigos, a carta foi endereçada a Linera devido a similaridades entre a história do vice-presidente da Bolívia e a do italiano. Ex-integrante do movimento armado Exército Guerrilheiro Túpac Katari (EGTK), Linera ficou preso entre 1992 e 1997.

Na carta, os amigos de Battisti defendem a inocência do italiano, condenado a prisão perpétua na Itália por três assassinatos cometidos nos anos 1970, quando o escritor, então adolescente, integrava o grupo terrorista Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Segundo o texto, Battisti foi um militante contra o fascismo italiano depois da Segunda Guerra Mundial.

“Na Itália, ele esteve envolvido desde a juventude nas lutas da esquerda democrática contra as agressões fascistas depois da guerra”, diz o texto. “Ao contrário da Alemanha, a Itália não tentou educar os antigos fascistas e durante as décadas de 1950 e 1960 restaurou todo seu poder. Isso gerou um movimento defensivo de esquerda”.

Segundo a carta, Battisti foi preso na Itália por atividades menores como porte de armas, expropriações e uso de documentos falsos mas “nunca por crimes de sangue”. Na verdade, o italiano foi condenado pelas mortes de três pessoas. Na carta, os amigos de Battisti alegam que ele foi julgado à revelia.

A notícia da prisão pegou a rede de apoiadores do italiano no Brasil de surpresa. Alguns deles acreditavam que Battisti ainda estava no País. Segundo a socióloga Silvana Barolo, o fato de o presidente da Bolívia, Evo Morales, ter ido à posse de Jair Bolsonaro não serve como indicativo de que o governo do país vizinho esteja alinhado com o brasileiro.

Publicidade

“Isso foi uma ingenuidade diplomática. Morales, como Lula, tem a expectativa de que as pessoas merecem respeito”, disse ela.