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Lula e Bolsonaro devem polarizar a discussão para a próxima eleição presidencial. E isso é muito ruim para todos nós, brasileiros | Evaristo Sa  / AFP Photo/Antônio More / Gazeta do Povo
Lula e Bolsonaro devem polarizar a discussão para a próxima eleição presidencial. E isso é muito ruim para todos nós, brasileiros| Foto: Evaristo Sa / AFP Photo/Antônio More / Gazeta do Povo

O Datafolha publicou duas pesquisas que escancaram o mato sem cachorro em que nós, brasileiros, vamos nos enfiando. A primeira, sobre a eleição presidencial, mostra Lula cada vez mais líder, seguido pelo deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). A segunda expõe que, desde 2000, nunca houve tanta gente com vergonha de ser brasileiro (34%).

Sim, uma coisa tem a ver com a outra. E ambas têm uma estranha conexão com a onda de radicalismo político que tomou conta do país nos últimos anos. De tanto ódio da direita, a esquerda caiu no vexame de defender um candidato que, minuto a minuto, fica cada vez mais atolado no lodaçal da Lava Jato.

Ao mesmo tempo, de tanto ódio da esquerda, a direita perdeu a vergonha na cara de apoiar Bolsonaro. Engana-se quem pensa que em prol da onda moralizadora nascida em Curitiba é necessário endossar alguém que se pauta pela truculência. Porque é só em cima de tiro, porrada e bomba que o “mito” tem pautado sua pré-campanha.

Mais do que um retrato amargo do momento, as pesquisas são o farol de um período confuso que está por vir. Apontam que não há vida na esquerda brasileira sem Lula (que está muito perto de se tornar inelegível). Ciro Gomes? Bem, Ciro cresce quando o ex-presidente não entra na sondagem, mas está fatalmente fadado a tropeçar na própria língua (sem falar nas próprias ideias).

Marina Silva? Não conseguiu subir nem em meio ao furacão Odebrecht/Greve Geral, então, não vai subir mais. Além disso, é vista como muito à esquerda pela direita e muito à direita pela esquerda.

Do outro lado, os tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin parecem definitivamente abatidos pela Lava Jato. Sobrou o prefeito de São Paulo, João Doria. Que, de tão cedo que se alçou candidato, corre um risco quase natural de desconstrução. Como antídoto, tem partido para o confronto aberto com o PT e abandonado uma tendência histórica de “sutileza” (ou pode chamar de muro mesmo) do PSDB.

O problema de Doria clonar parte das estratégias de Bolsonaro é se tornar um xerox preto e branco dele. Há quem diga que, até o ano que vem, ele muda de estratégia para abocanhar eleitores de ambos os lados. O problema é que Lula e Bolsonaro já poderão ter polarizado de vez o cenário.

Se você está com vergonha agora, senta que o constrangimento tende a piorar.

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