A segunda rodada de negociações do governo com representantes dos caminhoneiros, na tarde desta quinta-feira (24), segue num impasse. A Associação Brasileira de Caminhoneiros (ABCAM), principal liderança da greve em curso no país, deixou a reunião por não concordar com as propostas oferecidas pelo Palácio do Planalto. Contudo, demais entidades representativas da classe, como Federação dos Transportadores Autônomos de Carga, a Fetrabens, a CNTA, e outras, decidiram ceder aos apelos, o que pode ser um indício de racha no movimento grevista.
O governo quer uma “trégua” de pelo menos 15 dias, com a suspensão das paralisações pelo país, enquanto o Congresso Nacional aprecia a proposta de reoneração da folha de pagamento em que consta a isenção de Cide, PIS-Cofins sobre o óleo diesel.
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Porém, José da Fonseca Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), afirma que só vai ceder após ver as soluções publicadas no Diário Oficial da União. Ele deixou a sala e foi embora. A Abcam representa 700 mil caminhoneiros, 600 sindicatos e sete federações da classe caminhoneira. É uma das principais entidades representativas e há quem acredite que sem o apoio deles, a greve não deve acabar.
“Não vamos levantar o movimento enquanto não aprovar a lei. Assim, depois, eu venho a público e levanto o movimento”, afirmou Lopes ao sair do encontro desta tarde no Palácio do Planalto.
Antes disso, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, criticou a proposta de reoneração da folha aprovada no dia anterior pela Câmara, na qual há isenção de PIS-Cofins sobre o óleo diesel. Para ele, foi uma atitude “irresponsável”.
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Há divergências entre as contas feitas pelo governo, que aponta um prejuízo de R$ 15,8 bilhões nos próximos seis meses com a isenção do imposto. Na quarta-feira (23), os deputados falavam em R$ 3,5 bilhões de impacto nos cofres da União, mas hoje o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), corrigiu esse valor para R$ 9 bilhões.
O texto seguiu para o Senado, mas só deve ser votado na próxima semana. A maioria dos parlamentares já deixou Brasília, devido à ameaça de faltar combustível inclusive no aeroporto de Brasília, um desabastecimento desencadeado pelo movimento grevista.
O próprio presidente do Senado, Eunicio Oliveira (MDB-CE), já estava em seu estado. Após a repercussão negativa de sua ausência na capital federal com a grave crise vivida neste momento, o senador retornou. Convocou uma reunião de líderes para o início da noite e pediu que os senadores voltem ao Congresso. É nesse encontro que pretende fazer um teste e avaliar as possibilidades de votar o projeto em questão.
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