Um dos principais interlocutores do Movimento Brasil Livre (MBL) na Câmara, o deputado Daniel Coelho (PSDB-PE) não enxergou exageros nas críticas que Kim Kataguiri faz a seu partido, em mensagens de WhatsApp reveladas pela revista Piauí. E também a outros partidos. Tido como um dos próceres dos "cabeças pretas" do PSDB – denominação dada à ala jovem do partido e conectada nas redes sociais –, Coelho disse não ver "nada demais" nas palavras do principal líder do MBL.
Em duas mensagens que teriam sido enviadas no dia 22 de agosto, Kim fez duros ataques ao PSDB a seu interlocutor. Ele fez uma referência aos tucanos mais velhos e que estariam envolvidos em escândalo. "A ideia é deixar todo esse povo podre afundando como PSDB e trazer a galera mais jovem e libera para o MBL", disse o líder do MBL. Em outra mensagem, afirmou: "Com os do PSDB temos conceito, preconceito e pós-conceito. São pilantras".
Daniel Coelho afirmou que são opiniões pessoais e de conversa privada. "Achei as críticas normais. De uma conversa privada, que foi vazada. Não vi nada demais nessas críticas. São opiniões deles", disse o deputado à Gazeta do Povo.
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O deputado se aproximou do movimento durante o impeachment de Dilma Rousseff. O MBL chegou à Câmara, e teve acesso às suas dependências, graças ao ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB), que apoiou o grupo. Em comum, o PT como inimigo. Os integrantes do movimento frequentam o gabinete de Coelho, como de vários outros partidos. O parlamentar chegou a apresentar, como emenda, uma proposta do MBL para a previdência social.
"Tenho uma relação com o MBL desde o impeachment. Tiveram um papel importante, mobilizaram as ruas, os jovens. E temos pautas em comum, como nas questões de tamanho do Estado".
Para o deputado, o movimento terá um papel importante em 2018 e vai conseguir eleger seus representantes no Congresso Nacional. "O Kim tem toda condição de vir a ser o deputado federal mais votado por São Paulo. O MBL cresceu muito e hoje é como se fosse um partido sem ser oficialmente um partido".
O parlamentar discorda que os integrantes do movimento sejam contra o afastamento de Michel Temer da Presidência. "Só não estão com o mesmo empenho que tiveram no caso da Dilma. Até porque entendem que tirar o Temer significa o risco de facilitar a volta do PT ao poder".
Também aliado do MBL na Câmara, Jerônimo Goergen (PP-RS) também se aproximou do grupo no processo de afastamento de Dilma. O deputado também é um dos autores da emenda proposta pelo movimento sobre Previdência. "Tenho uma relação boa com eles, em algumas causas específicas, como foi o impeachment de Dilma".
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