| Foto: Roberto Jayme/TSE

A retomada do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na tarde desta sexta-feira (9) foi de arroubos de ira por parte do ministro Napoleão Nunes Maia, ao se defender sobre alegações de que teria influenciado em decisões sobre a empreiteira OAS e ainda sobre suposta atuação dele em favor do grupo JBS, veiculados pela imprensa. Ele chegou a desejar a morte de quem divulgou o que ele chamou de inverdades.

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Ao citar o antigo testamento, Maia disse esperar que a “ira do profeta” caísse sobre essas pessoas, fazendo o gesto de degola com a mão ao pescoço. Sobraram queixas sobre a imprensa e sobre os delatores da JBS.

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Napoleão Maia também estava raivoso sobre notícias publicadas na manhã desta sexta-feira, que davam conta de que “um homem misterioso” teria tentado invadir o plenário do TSE para entregar envelope ao ministro. Em plenário, Maia afirmou tratar-se de seu filho, que veio ao Tribunal no dia do julgamento histórico apenas para entregar fotos de sua netinha de 3 anos, que faz aniversário hoje.

“Ele não vinha trajado a rigor e portanto, não pôde, acertadamente, entrar no recinto das sessões”, disse o ministro.

Falando alto e com o rosto muito vermelho, Maia disse que aguardou até a retomada da sessão para se pronunciar sobre o tema, que teria trazido a ele e a seus familiares grande aflição. “Passei hoje desde este momento até agora, momentos de grande insinuação e desejo que essa pessoa sofra em si e sua família o que me fez passar”, bradou.

O ministro negou que tenha tido reuniões com representantes da OAS e que qualquer ação que tenha julgado sobre a empresa resultou, coincidentemente, em derrota da empreiteira.

Placar 1 x 1

Após desabafar, Napoleão Maia concluiu seu voto, afirmando não dar por provada a imputação aos réus na ação. “Em razão disso, senhor presidente, voto pela improcedência total dos pedidos nas ações”, disse. Com isso, ficou empatado o julgamento, já que o voto do relator Herman Benjamin foi pela cassação da chapa Dilma Rouseff/Michel Temer.

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“Tem de preservar o mandato, tem de preservar a soberania, tem que assegurar a administração de quem ganhou a eleição”, disse Maia Filho em seu voto.

Gilmar Mendes culpa vice-procurador-eleitoral por malfeitos contra Maia

A lamentação de Maia sobrou para o vice-procurador-geral eleitoral, Nicolau Dino. No recomeço da sessão desta sexta após o almoço, Dino pediu que o ministro Admar Gonzaga fosse declarado impedido, por ter advogado para a ex-presidente Dilma Rousseff em 2010. Todos os ministros rejeitaram o pedido, mas foi o presidente Gilmar Mendes que reagiu com veemência ao pedido de Dino. Para Mendes e outros ministros, o procurador deveria ter pedido o impedimento no início do julgamento, na terça-feira, não agora.

Ao final da manifestação de Napoleão Maia desejando a morte de quem divulgou noticias que ele alega serem falsas sobre ele, Mendes culpou Dino pelos feitos. O presidente do TSE afirmou que o tribunal se colocava em solidariedade a maia, e que pedidos como o de Dino incitavam a ira contra os ministros.

Após a confusão, Mendes pediu cinco minutos para acalmar os ânimos.