O “áudio-bomba” das conversas entre os delatores da JBS, Joesley Batista e Ricardo Saud, revela a estratégia da dupla para se aproximar do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e conseguir fechar um acordo de delação premiada que os livrasse da prisão. Durante o diálogo, Saud explica como Marcelo Miller, que atuou como braço-direito de Janot no Ministério Público e depois migrou para a carreira privada na advocacia, foi usado para garantir essa aproximação.
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“Eu quero nós dois 100% alinhado com o Marcelo [Miller]. Nós dois temos que operar o Marcelo direitinho pra chegar no Janot”, falou Joesley. A conversa entre os dois foi possivelmente gravada no dia 17 de março.
Uma das dicas para conquistar a confiança de Janot era “falar a língua dos procuradores” e “chamar todo mundo de ladrão”. “Cara, eu vou te contar um negócio, sério mesmo. Nós somos do serviço, né? [A gente] vai acabar virando amigo desse Ministério Público, você vai ver. Nóis [sic] vai virar amigo desse Janot. Nóis vai virar funcionário desse Janot. (risos). Nós vai falar a língua deles. Você sabe o que que é?”, questiona Joesley.
Os áudios foram publicados na manhã desta terça-feira no site da revista Veja.
A dupla da JBS também fala em atuar para “ser a tampa do caixão” da política brasileira. “Nós nunca vamos ser quem vai dar o primeiro tiro, nós vamos dar o último…Vai ser quem vai bater o prego da tampa. [...] Nós fomos intensos pra fazer, temos que intensos pra terminar”, diz Joesley.
Investigação
O procurador-geral da República Rodrigo Janot anunciou nesta segunda-feira (4) a abertura de investigação para apurar indícios de omissão de informações sobre a prática de crimes no processo de negociação do acordo de delação premiada de executivos da JBS. Janot assinou portaria que instaura procedimento de revisão dos acordos com três dos sete executivos do grupo: Joesley Batista, um dos donos do frigorífico, Ricardo Saud e Francisco de Assis.