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“O Trump serve de exemplo para mim”, disse o pré-candidato à Presidência, deputado Jair Bolsonaro (PSC), que participa de eventos nos Estados Unidos durante esta semana. “Sei da distância minha para o Trump, mas, havendo possibilidade, pretendo me aproximar dele para o bem do Brasil e dos Estados Unidos. Serve para levar muitos exemplos daqui para o Brasil.”

Bolsonaro também se esforçou para espelhar a ideia de patriotismo do americano, dizendo que pretendia “botar a garotada para cantar o Hino Nacional” nas escolas do país e “pôr um ponto final na doutrinação e sexualização das crianças” do ensino público brasileiro.

Debaixo de chuva, Bolsonaro desceu do carro num estacionamento vazio em Boston, a segunda parada de sua turnê pelo país, e foi direto para um encontro com líderes evangélicos, que o esperavam de mãos dadas, para uma oração, num estúdio fotográfico em cima de uma barbearia de subúrbio. Não houve gritos de “mito”.

Muitos dos 60 pastores reunidos ali se diziam ex-militares e exigiram do deputado do PSC que mostrasse como criaria um governo “firme”.

“No Brasil, só tem arma quem não presta”

Bolsonaro, que evitou chamar de ditadura o “período de presidentes militares”, dizendo apenas que “houve excessos, porque em guerras morrem inocentes”, prometeu nomear um militar para o Ministério da Defesa e disse que convocaria outros membros das Forças Armadas para integrar o governo.

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Em três horas de conversa, com os religiosos de Massachusetts, estado americano onde vive uma das maiores comunidades brasileiras, o deputado contou que foi a um clube de tiro durante a viagem e defendeu o porte de armas para todos no Brasil, seguindo o exemplo dos EUA, mesmo no rastro do último massacre em Las Vegas.

“O que aconteceu aqui foi uma fatalidade, mais uma”, disse. “Mas, no Brasil, só tem arma quem não presta. Você não consegue ter paz dentro de casa. O povo clama por segurança, pela posse de armas de fogo dentro das residências. Quem quer cometer atos insanos comete. Povo desarmado é povo manipulado.”

Nos momentos em que soou mais agressivo, Bolsonaro parecia conquistar a plateia de religiosos, que acenavam dizendo “yeah” ou “amém” a cada afirmação.

Menos radical

Bolsonaro, que posou para selfies entre bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos, também aproveita sua viagem de oito dias pelo país – ele esteve em Miami e, depois de Boston, visita ainda Nova York e Washington – para tentar vincular sua imagem à do presidente Donald Trump.

Quando questionado sobre populações indígenas, o deputado defendeu a integração dos índios por meio do contato com o Exército para evitar que as nações e tribos se separem do Brasil e se tornem países que seriam colonizados por outras potências.

Mas o presidenciável, agora empatado com Marina Silva, da Rede, no segundo lugar das pesquisas de intenção de voto atrás de Lula, que chamou de “inimigo que ainda não é carta fora do baralho”, tentou se mostrar menos radical.

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Disse que há cinco anos “teria rachado no meio” o sujeito que o alvejou com um ovo numa viagem a Ribeirão Preto, no interior paulista.

E reconheceu ter “perdido a linha” ao dizer que não estupraria a deputada Maria do Rosário porque ela não merecia, arrancando risos dos pastores. Ele ainda afirmou a uma pastora no encontro que “não teria problema nenhum” com a ideia de chamar mulheres para compor seu eventual ministério.

Sem entrar em detalhes na recente polêmica envolvendo ataques a exposições de arte acusadas de fazer apologia à pedofilia, o deputado desviou o assunto para a economia, dizendo que acabaria com a Lei Rouanet para criar leis de pesquisa e fundar o “Vale do Silício brasileiro”.

Falta de competitividade

Também voltou a criticar brasileiros que abrem empresas no Paraguai e atacou as leis trabalhistas. “O trabalhador vai ter de escolher menos direitos e emprego ou todos os direitos e desemprego”, disse. “A gente não consegue fabricar um prego e colocar de forma competitiva no Paraguai, que tem uma CLT bem menos rígida que a nossa.”

Seus ataques mais duros tiveram como alvo o PT e partidos mais alinhados à esquerda, numa tentativa de se firmar como conservador.

Lembrando a ideia de “cura gay”, ele evitou atacar homossexuais, mas disse ter “fé em Deus” que para os esquerdistas “há uma cura”. Nesse ponto, o presidenciável se queixou de ser chamado de “xenófobo, racista e homofóbico”. “Esses rótulos eu sofro há cinco anos”, disse.

“Mas o Trump também, e ele reverteu isso na campanha dele. A grande mídia brasileira já não faz mais a cabeça do público. As ‘fake news’ já chegaram e, se quiser mesmo sobreviver, a grande mídia vai ter que começar a vender verdades, não factoides.”

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