O juiz distrital Raymond Dearie condenou a Odebrecht a pagar US$ 2,6 bilhões em multa, homologando o acordo firmado com a empresa em dezembro passado. Em audiência na manhã desta segunda-feira, Deari determinou que cerca de US$ 93 milhões irão para os Estados Unidos, US$ 2,39 bilhões para o Brasil e US$ 116 milhões para a Suíça. Em reais, a multa alcança R$ 8 bilhões ao câmbio atual.
O Brasil receberá o valor em 32 anos, com correção monetária anual. Nos Estados Unidos, a empresa terá de pagar em quatro anos. A Suíça receberá à vista, pois os US$ 116 milhões devidos ao país foram bloqueados pela Justiça suíça.
Em dezembro passado, a Reuters afirmou que o valor negociado pela Odebrecht superaria a quantia paga pela alemã Siemens, de 1,6 bilhão de dólares. Em 2008, a Siemens admitiu pagar propina para obter contratos.
Em dezembro passado, quando a Odebrecht se declarou culpada, os procuradores afirmaram que a multa a ser aplicada pela Justiça americana poderia alcançar US$ 4,5 bilhões, mas a empresa se declarou capaz de pagar apenas US$ 2,6 bilhões. A capacidade de pagamento foi analisada por autoridades brasileiras e americanas e Dearie concordou com o valor apresentado pela Odebrecht.
A Odebrecht e a Braskem, petroquímica do grupo, assinaram o acordo de leniência em dezembro do ano passado. Segundo o documento, a empresa admitiu ter pago US$ 788 milhões em subornos a agentes públicos de 12 países.
Os valores da corrupção transitaram pelos bancos dos Estados Unidos e Suíça, onde ficava hospedado também o sistema de controle de pagamentos, o Drousys. Os dados começaram a ser apurados na Suíça com a prisão de Fernando Migliaccio, em fevereiro de 2016, num banco em Genebra.
A Odebrecht negocia acordos com Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru, República Dominicana, Venezuela, Panamá e Portugal. Pelo menos três países - Panamá, Peru e Venezuela - assinaram acordo de cooperação internacional com a Suíça, para obter informações sobre as movimentações. Inicialmente, o acordo previa que os dados comecem a ser compartilhados com os países a partir de junho. A República Dominicana, primeiro país a chegar a um acordo com a Odebrecht, ainda não homologou os termos e está à espera da liberação dos documentos.
Segundo informação da Reuter, William Burck, advogado da Odebrecht nos Estados Unidos, não fez comentários após a audiência.
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