| Foto: NELSON ALMEIDA AFP

Com quase 30 anos de vida pública, o presidente Michel Temer (MDB) parece enfrentar o pior momento de sua carreira política. O desgaste parece ter chegado ao limite com a greve do caminhoneiros e a instabilidade que a paralisação gerou no país. Em todo canto, as críticas ao emedebista se acirraram, como também especulações sobre um possível afastamento dele do cargo. 

CARREGANDO :)

LEIA MAIS: Pedro Parente, presidente da Petrobras, pede demissão

Afinal, Temer pode cair? Pode. Por algumas vias. Renúncia, um processo de impeachment, ou caso parlamentares acatem denúncia contra ele. 

Publicidade

Apesar de todo o abalo, a renúncia e o impeachment são questões superadas. Ele não pretende deixar a Presidência da República. E mesmo a oposição não quer isso. É ano eleitoral e todos partilham do entendimento de que é preciso o mínimo de estabilidade no país. 

LEIA MAIS: Temer está cada vez mais dispensável e pode não resistir até dezembro

Esse mesmo raciocínio serviria para explicar porque é improvável que o Congresso decida pelo impeachment de Temer. Além do fato de o processo de impedimento ser demorado. 

O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ) acatou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff em dezembro de 2015. Ela só foi afastada da Presidência em 12 de maio de 2016. Com a eleição batendo à porta, o tempo, ao menos neste caso, está a favor de Temer. 

Há porém, uma acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) que ronda o presidente, primeiro na história do país a ser denunciado. Ele é investigado em um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) sob suspeita de receber propina em troca de benefícios a empresas do setor portuário por meio do Decreto dos Portos. 

Publicidade

LEIA MAIS: O lado B do presidente da Abcam: filiado ao PSDB e membro de entidade patronal

Esta é a possível terceira denúncia contra Michel Temer. O Congresso já negou duas: a primeira, por corrupção passiva; a segunda, por obstrução de Justiça e formação de quadrilha. Ao deixar a Presidência, Temer deve responder às duas acusações. 

Em 7 de maio, o STF prorrogou por 60 dias a investigação do inquérito dos portos, que pode virar a terceira denúncia. 

E, se chegar ao Congresso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já avisou que pautará o quanto antes. "Se essa for a decisão do Ministério Público, vamos pautar, como pautamos as duas últimas denúncias" 

LEIA MAIS: PT marca dia e hora para lançamento da candidatura de Lula a presidente

Publicidade

Operação

O cerco começou a fechar quando, em março, amigos de Temer foram presos na Operação Skala. Na ocasião, o Palácio do Planalto classificou o episódio como "complô" para inviabilizar a candidatura do emedebista à reeleição. Desde então, o governo está alerta e acredita que a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pode apresentar a nova denúncia contra o presidente. 

Antes do início da greve dos caminhoneiros – quando a imagem de Temer terminou de se deteriorar frente a aliados, adversários e eleitores – ele classificou uma nova denúncia como "pífia", em entrevista à EBC. 

“As duas denúncias (anteriores) eram pífias. Tão pífias que o Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados não teve a menor dúvida em rejeitá-las (…) Essa suposta terceira denúncia é uma campanha, oposicionista naturalmente, seja do Poder Legislativo, seja onde estiver sediado. Mas, é uma mera hipótese para desmoralizar o governo, mas não tem a menor possibilidade de prosperar. Eu diria que é mais pífia, de menor dimensão até do que as denúncias anteriores. Eu não tenho a menor preocupação”. 

Se termina ou não o mandato, ainda é incerto dizer. Depende do STF. Da PGR. Dos congressistas. De vontade política. Das circunstâncias do país. Do período eleitoral. 

Porém, no MDB, fala-se em "aposentadoria". Nesse pleito, não há chances de Temer ser candidato, nem de ser puxador de votos. Depois de tudo, avaliam, dificilmente voltará a se eleger novamente. 

Publicidade

Temer filiou-se ao MDB, na época PMDB, em 1981. Em 2011, elegeu-se, pela primeira vez, presidente do partido, cargo que só deixou em 2017, quando estava prestes a assumir a Presidência da República no lugar de Dilma.