Ela ganhou status de proeminência nos atos e cenas de corrupção do país. Chegou ao estágio máximo da "carreira" nas mãos de Rodrigo Rocha Loures, quando foi flagrada pelas ruas de São Paulo. Lá dentro, R$ 500 mil. Ainda insatisfeita, roubou a cena na prisão de Geddel Vieira Lima, naquela imagem de R$ 51 milhões espalhados na sala de um apartamento em Salvador (BA). É dela mesmo que estamos falando: a mala, que ganhou outro emprego nas mãos dos políticos e virou transportadora de valores roubados do erário.
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Episódios vão se acumulando, sempre com a mesma protagonista. Na sua mania de filmar e gravar seus interlocutores, o dono da JBS, Joesley Batista, e seu preposto, o executivo da empresa Ricardo Saud, gravaram cenas memoráveis da nossa personagem.
Numa delas, um primo de Aécio Neves, Frederico Pacheco, vai até Saud e sai com uma mala com dinheiro. Num estacionamento, ele a repassa a Mendherson Souza Lima, ex-assessor do senador mineiro Zezé Perrella, e segue de carro com a mala para Belo Horizonte. Eles estavam em São Paulo. Os dois se tornaram réus no STF por corrupção, junto com Aécio e sua irmã, Andréa Neves.
Nesta semana, foi revelado novo escândalo de corrupção tendo nova mala de dinheiro no centro do esquema. Os gabinetes e residências do senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) foram alvos de busca e apreensão da Polícia Federal. O motivo: foram acusados de obstrução de justiça por ameaçar um ex-funcionário deles - José Expedito Almeida -, que carregou malas com dinheiro para os dois.
Expedito hoje é colaborador da Justiça e está no programa de proteção às testemunhas. Ele relatou à Polícia Federal e ao Ministério Público vários momentos que carregou essas malas e só desconfiou que havia dinheiro dentro quando Nogueira foi abrir uma dessas unidades para retirar algum pertence. O dinheiro vinha embaixo de roupas.
O ex-assessor desses parlamentares contou que resolveu denunciar o esquema quando foi destratado duas vezes por Eduardo da Fonte. Numa oportunidade, o deputado o obrigou a buscar uma dessas "encomendas" estando ele se reabilitando de uma cirurgia. Não gostou. A outra razão foi ter sido alvo de agressão por parte de Fonte. Ao buscá-lo numa boate em São Paulo, de madrugada, o deputado, embriagado segundo Expedito, lhe deu dois socos na cabeça. Não gostou mais ainda.
A presença de malas nos relatos de corrupção não começou com caso da Petrobrás. No mensalão, apareceu uma pasta 007, mas era chamada de ...mala. Quem não se lembra de Christina Mendes Caldeira, ex-mulher de Valdemar Costa Netto, dizer ao deputado Edmar Moreira (PL-MG) num depoimento na Câmara, após ser questionada pelo parlamentar sobre dinheiro em malas com seu ex-companheiro:
“Mala, sim! Uma mala dessas que os senhores ganham aqui, cheias de dinheiro”, contou.
“O senhor ganhava essa mala também”, completou ela.
“Mas sem dinheiro dentro”, rebateu Edmar, para risadas e delírios dos que presenciavam aquele diálogo numa CPI que investigou o mensalão.
Antigamente os deputados recebiam uma pasta executiva da Câmara. Hoje, não mais.
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