| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

O jurista e ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior encaminhou seu pedido de desfiliação do PSDB, sigla que ele ajudou a fundar, após a decisão do partido de seguir na base de apoio ao presidente Michel Temer. À Gazeta do Povo, Reale Júnior afirmou, nesta terça-feira (13), ser uma contradição que o partido faça vistas grossas às acusações contra Temer. “O PSDB está se peemidebizando”, disse.

CARREGANDO :)

“Não se pode ser conivente. Não é porque o presidente trouxe boas medidas para a economia que vamos ser conivente com malfeitos na política”, disse.

Autor do pedido de impeachment que levou à queda da ex-presidente Dilma Rousseff, Reale Júnior acredita que a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve encaminhar denúncia contra Temer ao Congresso e que o PSDB passa uma “mensagem errada” para a sociedade ao apoiar o governo na votação sobre o encaminhamento dessa denúncia, caso ela seja realmente feita.

Publicidade

“Apesar de reconhecer que os fatos são graves, o PSDB decidiu permanecer no governo com a desculpa de que permanece por causa das reformas. É uma contradição liberar a bancada para votar livremente diante da (possível) denúncia de envolvimento de crime e ao mesmo tempo manter-se apoiando o governo. O presidente está envolto em fatos graves de corrupção, em atos nada republicanos. E o PSDB faz de conta que nada ocorre”, afirmou o jurista.

“É uma conivência, é uma conduta de absoluta indiferença com a falta de decoro do presidente da República”, afirmou.

Para ele, o PSDB “trai suas origens” ao ficar do lado de Temer. “O PSDB foi criado a partir do PMDB, porque o PMDB havia se desviado da sua conduta. E agora está se peemidebizando. É com muita tristeza me afasto do partido”, disse.

Sobre a aprovação das reformas da Previdência e Trabalhista, pauta apoiada pelos tucanos e razão apontada pelo partido para permanecer na base, Reale Júnior avalia que não haveria dificuldade em aprová-las mesmo se o PSDB tivesse saído da base.

O jurista acredita que mesmo caso um governo indireto chegasse ao poder, em caso de afastamento de Temer, o projeto com as reformas estaria preservado. “Ninguém vai mexer nisso (não fazer as reformas), ninguém é louco pois o prejuízo para o país seria incomensurável”, disse.

Publicidade