A greve dos caminhoneiros, motivada pela alta no preço dos combustíveis, e a gestão da Petrobras são temas recorrentes entre os presidenciáveis. Ao mesmo tempo, o pacotão de privatizações anunciado pelo governo de Michel Temer (PMDB) levanta a possibilidade de desestatização da companhia de petróleo e alimenta o debate entre os pré-candidatos.
A pauta envolvendo a principal estatal do Brasil ganha ainda mais evidência após o pedido de demissão de Pedro Parente do cargo de presidente da empresa na manhã nesta sexta-feira (1); Parente será substituído interinamente por Ivan Monteiro, atual diretor-executivo da Área Financeira e de Relacionamento com Investidores.
A Gazeta do Povo relata o que pensam alguns dos pré-candidatos à presidência da República sobre o atual momento da Petrobras.
Álvaro Dias
Apesar de ser favorável a privatizações, o senador Álvaro Dias (PODEMOS) defende que a Petrobras deve permanecer estatal porque “só dá lucro ao país”.
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“Não praticamos preços compatíveis com os custos que temos no Brasil. Estamos praticando preços com base em preços internacionais, que favorece os acionistas da Petrobras, mas prejudica o brasileiro”, afirmou Dias.
Ciro Gomes
A atual política de preços é constantemente criticada por Ciro Gomes (PDT): no Twitter, o pré-candidato afirmou que a alta é uma “aberração” e a política de preços “está equivocada e desrespeita a sua estrutura de custos”.
“Hoje eles estão transferindo o preço do barril de petróleo da especulação estrangeira para dentro do Brasil, quando o custo da Petrobras é muitas vezes menor que o custo do Petróleo lá fora”, disse Ciro.
A alta dos combustÃveis é uma aberração que praticamente nega a razão de ser da própria existência institucional da Petrobras. A polÃtica de preços adotada está equivocada e desrespeita a sua estrutura de custos.
â Ciro Gomes (@cirogomes) May 24, 2018
Geraldo Alckmin
O pré-candidato pelo PSDB também demonstrou apoio à privatização da companhia e defendeu a necessidade de um marco regulatório para possibilitar uma privatização total no futuro.
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“Muitos setores da Petrobras podem ser privatizados. Inúmeras áreas que não são o ‘core’, o centro objetivo da empresa, tudo [isso] pode ser privatizado. Se tivermos um bom marco regulatório, até pode, no futuro, privatizar tudo”, diz Alckmin.
Também no Twitter, Alckmin afirmou que é preciso preservar os avanços alcançados pela gestão de Pedro Parente na Petrobras. “O importante nesse momento é não desperdiçar o trabalho de recuperação da Petrobras.”
Com a saÃda de Pedro Parente, o importante nesse momento é não desperdiçar o trabalho de recuperação da Petrobras. Precisamos definir uma polÃtica de preços de combustÃveis que, preservando a empresa, proteja os consumidores.
â Geraldo Alckmin (@geraldoalckmin) June 1, 2018
Henrique Meirelles
Ministro da Fazenda e articulador da atual política de preços, Henrique Meirelles (PSD) voltou suas críticas para a ação de empresários na greve dos caminhoneiros.
“É inaceitável que, além dos problemas graves e reais dos preços do petróleo e derivados, haja um componente político-ideológico e empresarial nessa aliança de entidades politicamente engajadas com empresas transportadoras”, afirmou.
“Para resolver o problema definitivamente, temos que reduzir as despesas federais e abrir espaço para diminuir os impostos, inclusive dos combustíveis. Para isto, é necessário fazer a reforma da Previdência. No nível estadual, é preciso realizar uma reforma tributária visando a redução de impostos nos combustíveis”, completou Meirelles.
O ministro também destacou que “por princípio” é favorável à privatização, mas que é algo que precisa “ser feito paulatinamente”.
Jair Bolsonaro
Já o deputado Jair Bolsonaro (PSL) defende a privatização da petrolífera com uma cláusula de golden share. “De acordo com o modelo você pode ser favorável a isso. A questão é ter golden share. E você tem que ver sim para que capital você vai passar aquela empresa. Tem certos países que não admitem a livre iniciativa e estão comprando grande parte do Brasil”, disse no programa RedeTV! News, da Rede TV.
No auge da greve dos caminhoneiros, Bolsonaro manifestou apoio à categoria, mas não ao bloqueio das rodovias. “O bloqueio das estradas não é salutar. Para caminhões, 100% de apoio meu. Bloquear as estradas não”, apontou.
Segundo ele, a arrecadação com ICMS no preço dos combustíveis seria uma das causas para a situação.
“Porque quando aumenta o ICMS do combustível vai refletir mais dinheiro no caixa do governo. Só pode desaguar no que está desaguando”, afirmou.
Marina Silva
Marina Silva (REDE) também se posiciona a favor da estatal, afirmando que a companhia é “um patrimônio do povo brasileiro”. Para ela, a empresa tem “margem para manejar” reajustes.
“Uma boa parte do custo do combustível tem a ver com os tributos. Claro que controlar esses tributos pode ajudar aí na contenção do custo”, disse Marina em sabatina promovida pela Folha de S. Paulo, UOL e SBT.
“Fazendo no olho do furacão, com a pressão política, a mensagem que passou externamente é que a Petrobras não está se comportando de acordo com as regras do mercado”, disse Marina na ocasião.
Rodrigo Maia
Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara, criticou a política de preços desde o começo da greve dos caminhoneiros. Na ocasião, afirmou que “o preço dos combustíveis, no nível em que se encontra, começa a impactar negativamente o dia a dia dos brasileiros”.
O parlamentar ainda não se pronunciou sobre a privatização da Petrobras, mas seu partido defende um projeto de desburocratização do setor de petróleo e gás que inclui a adoção do modelo de concessão.
A alta da gasolina me leva a chamar, na Câmara, uma Comissão Geral no dia 30 de maio para debater e mediar saÃdas que atendam aos apelos da população.
â Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) May 20, 2018
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