Cada minuto a mais que Michel Temer soma na Presidência da República é motivo de comemoração para ele. E de inquietação para o país. Como Temer não caiu até agora diante de tantas evidências, fatos, áudios e vídeos? O respeito ao devido processo legal e ao contraditório é a resposta padrão. Mas não é toda a resposta. Tivesse nesse momento um nome à altura dessa crise, que contemplasse boa parte da classe política, ainda que não de A a Z, e acima de qualquer suspeita, Temer estaria ao menos com um pé fora do Palácio do Planalto.
Assim, o presidente segue ganhando fôlego, apenas cumprindo tabela ou não no cargo. Os nomes que surgiram até agora para sucedê-lo numa eleição indireta não empolgam e ainda não emplacaram. Não é fácil animar uma plateia - de eleitores - que, majoritariamente, quer votar para presidente ainda este ano, antecipando 2018. Nelson Jobim, Tasso Jereissati, Fernando Henrique Cardoso...nomes aos ventos.
Temer avalia com seus muitos oráculos que ocupam cargos de confiança cada movimento desse cenário: teve uma manifestação ontem no Rio pelas diretas já, ruim; Gilmar Mendes, do TSE, declarou nesta segunda não ser pecado algum um ministro pedir vistas e jogar para as calendas decisão sobre chapa Dilma-Temer, isso é bom; centrais sindicais acertaram nova greve geral para os próximos dias, ruim; o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, vai sentar em cima dos pedidos de impeachment, excelente; indicadores econômicos dão sinal de reação, muito bom; mas geração de emprego ainda oscila, o que não é bom. E por aí vai.
Fato é que se existisse esse tal nome que agregasse, parte do caminho talvez estivesse andado e Temer rampa abaixo. Nesse tipo de papel, no passado, encaixaram nomes de Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, este, por um destino irônico, ganhou a alcunha de “Senhor Diretas” e na eleição de 1989 amargou um 7º lugar entre os 22 concorrentes.
Outra conta que não cabe aqui é o termômetro das pesquisas eleitorais. O petista Lula polarizar com Jair Bolsonaro nos institutos, se as eleições fossem hoje, não os torna bons de voto no Congresso. Passam longe.