A prisão do presidente executivo do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, em junho de 2015, por envolvimento no escândalo da Lava Jato, desencadeou uma ofensiva coordenada pela empreiteira para exercer pressão sobre o governo federal, segundo depoimento do fundador do grupo, Emílio Odebrecht, pai de Marcelo.
O objetivo era aprovar o mais rápido possível uma nova legislação que permitisse às empresas realizarem acordos de colaboração premiada a fim de evitar consequências ainda mais graves, como um possível colapso das empresas na esteira das denúncias de corrupção.
A partir desse esforço, a presidente Dilma Roussef editou seis meses depois da prisão do “Príncipe das Empreiteiras” a Medida Provisória 703, que modificou as regras para os acordos de leniência entre a administração pública e empresas acusadas de cometer irregularidades.
“Os problemas financeiros da empresa estavam se agravando enormemente, então chegamos a conclusão de que era preciso pressionar o Congresso por um projeto de lei [sobre a leniência]. Mas muito rapidamente percebemos que isso ia levar um time enorme e precisávamos encontrar uma forma mais rápida de aprovar isso. Decidimos então pressionar o Jacques Wagner [chefe da Casa Civil] para encontrar uma forma de acelerar o processo e a medida provisória poderia ser a solução”, disse Emílio aos procuradores da Lava Jato. Segundo o empresário, a pressão foi exercida por sindicatos e associações de classe ligadas aos empreiteiros. “A MP interessava também ao governo e eles não estavam agindo de forma eficaz para tornar as coisas céleres”, completou.
Indagado se Jacques Wagner pediu algo em troca para aprovar a MP, o empreiteiro riu: “Eles estavam até mais fragilizados do que nós naquele momento. Era o torto pedindo [ajuda] ao aleijado”.
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