Políticos alvos das investigações abertas no STF (Supremo Tribunal Federal) com base na delação da Odebrecht têm buscado, em depoimento à Polícia Federal, se distanciar dos principais executivos da empreiteira.
Alegam que conheceram delatores por acaso, que tiveram encontros esporádicos ou que foram confundidos com parentes, também políticos.
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Treze parlamentares já prestaram depoimentos nos 77 inquéritos abertos em abril. Eles estão sob suspeita de ter recebido dinheiro não contabilizado para campanhas ou de terem atuado em esquema de desvio de recursos. Todos negam as acusações.
O senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse, por exemplo, que “encontrou por acaso” Claudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira, no Senado, “já que ele sempre estava nas casas legislativas”, mas não se lembra se o encontro foi no gabinete.
Na ocasião, segundo a delação, Jucá perguntou a Melo Filho se a Odebrecht poderia fazer doações para o PMDB de Roraima para a campanha de seu filho Rodrigo, que concorria a vice ao governo em 2014. Rodrigo Jucá é suspeito de ter recebido R$ 150 mil não declarados.
Ao depor, o deputado Mario Negromonte Júnior (PP-BA) disse que “somente foi apresentado” ao ex-executivo José de Carvalho Filho, outro delator, “de forma ocasional, não se recordando se foi em algum evento social ou no aeroporto durante algumas de suas viagens”. Carvalho Filho disse ter doado R$ 110 mil via caixa dois em 2014.
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O aeroporto também foi ponto de encontro “por acaso” do deputado Cacá Leão (PP-BA) com Carvalho Filho, segundo relato do político.
Suspeito de ter recebido R$ 30 mil por meio de caixa dois, Leão disse que conheceu Carvalho Filho em 2015 no saguão de um aeroporto.
Segundo ele, ambos se encontraram “por acaso” e não trataram sobre doações “ou qualquer outro assunto”.
Dois parlamentares alegaram nos depoimentos que podem ter sido confundidos com parentes. Acusado de receber propina pela execução das obras da Hidrelétrica de Santo Antônio, o senador Valdir Raupp (PMDB-RR) destacou que tem um parente “conhecido politicamente com o sobrenome ‘Raupp’“.
O deputado Celso Russomano (PRB-SP) alegou que tem um primo que concorreu a deputado federal em 2010 pelo seu partido.
À PF o deputado Paulo Lustosa (PP-CE) também questionou delatores e a interpretação dos investigadores: “Ao analisar o áudio e os documentos apresentados pelos colaboradores em momento algum percebeu que eles estivessem afirmando que o repasse se deu via caixa 2”.
Citado por receber R$ 50 mil em 2010, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) argumentou à PF que “não houve a indicação de nenhuma contrapartida pela doação eleitoral”.
Já o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse suspeitar que a Odebrecht pode estar querendo se vingar por sua atuação na CPI da Petrobras. Ele foi acusado pela empreiteira de receber R$ 175 mil não declarados em 2006.
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