O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, afirmou nesta quarta-feira (5), em Belo Horizonte, que, se forem encontradas irregularidades na investigação aberta contra o futuro ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), o auxiliar do presidente eleito terá de deixar o futuro governo.
Na terça-feira (4), o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin atendeu a pedido feito pela Procuradoria-Geral da República e determinou a abertura de investigação para analisar as acusações de caixa 2 feitas por delatores da J&F a Onyx e mais 9 parlamentares.
“Uma vez que seja comprovado que houve ilicitude, é óbvio que terá que se retirar do governo. Mas, por enquanto, é uma investigação”, disse o militar.
Em Brasília, o presidente eleito titubeou ao responder à pergunta sobre o futuro ministro da Casa Civil. “Havendo qualquer comprovação de uma denúncia robusta, contra quem quer que esteja no governo, ao alcance da minha caneta Bic, ela será usada”, declarou Bolsonaro.
Ontem, Bolsonaro respondeu a pergunta semelhante dizendo que “nada o preocupava” e que no caso de “denúncia robusta” haveria afastamento do futuro governo. Hoje, ao ser questionado, Bolsonaro primeiro parou, pensou, e só depois, com muito cuidado, resumiu que qualquer um sob denúncia será afastado, sem se estender na resposta e encerrando a entrevista.
Articulação política
Mourão afirmou ainda que poderá participar da articulação política do governo se assim for determinado por Bolsonaro. Ele explicou que, apesar de não haver “aceno neste sentido”, a articulação poderá ser dividida entre ele, o general Santos Cruz, futuro secretário de Governo, e o próprio Onyx, futuro chefe da Casa Civil.
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“A questão da coordenação política, da ligação com o Congresso, o presidente vai definir se vai ficar com o ministro Onyx, ou se terá parcela dela nas mãos do general Santos Cruz , e, talvez, se o presidente determinar pra mim, que determinadas ligações sejam feitas, eu o farei. Então, por enquanto, não há nenhum aceno neste sentido”, disse antes de encontro a capital mineira de encontro com empresários
O general voltou a dizer ainda ser “o escudo e a espada” de Bolsonaro. “O escudo defende, e a espada ataca antes de ele ser atacado”, disse.
Entenda o que pesa contra Onyx
De acordo com o depoimento de delatores da J&F, Lorenzoni teria sido favorecido com o pagamento de R$ 100 mil em 2012 e R$ 200 mil em 2014. Na manifestação enviada pela PGR ao Supremo na semana passada, Raquel Dodge pediu a separação dos trechos das delações da J&F sobre caixa 2 específicos sobre dez autoridades que eram deputados e senadores à época dos fatos narrados e que seguirão com prerrogativa de foro em 2019. Eles serão alvo de procedimentos semelhantes, que podem resultar na abertura de inquérito ou em formulação de denúncia.
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Outro lado
O futuro ministro da Casa Civil chamou de “bênção” a abertura de uma investigação, autorizada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), para apurar denúncias de pagamentos de caixa dois da JBS a ele, nas campanhas de 2012 e 2014.
“Para mim é uma bênção porque vai permitir que tudo se esclareça”, disse Onyx na terça-feira (4), após deixar uma reunião com a bancada do PSDB na Câmara. “Não tenho nenhum problema com isso. Ao contrário, é a chance de resolver.”
Mais tarde, ele afirmou ter “preocupação zero” com as apurações. “Já resolvi minha questão espiritual. Entre carregar mancha e ter uma cicatriz, fico com a cicatriz. Sempre fui um combatente contra a corrupção e vou continuar sendo”, afirmou.
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