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Sobre o fato de ter feito caixa dois, Onyx disse: “O mais importante é me resolver com Deus”. | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Sobre o fato de ter feito caixa dois, Onyx disse: “O mais importante é me resolver com Deus”.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Transição e futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), disse que “há um certo estardalhaço” sobre caso do ex-assessor do deputado estadual do Rio, senador eleito e filho do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), Flávio Bolsonaro (PSL). A declaração foi dada durante entrevista ao programa Canal Livre, da Band, exibida na madrugada desta segunda-feira (10).

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação financeira atípica do ex-assessor Fabrício José Carlos de Queiroz, de R$ 1,2 milhão, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Além disso, há um repasse de R$ 24 mil para a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O relatório foi produzido em desdobramento da Operação Lava Jato do Rio de Janeiro.

Onyx afirmou que essa questão terá de ser “desdobrada na investigação”, mas “acredita que há uma tentativa de desgastar a imagem do presidente eleito”, semelhante, segundo ele, à realizada durante a campanha eleitoral.

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“O presidente jamais vai se furtar de enfrentar qualquer situação. Ele já viveu e nós já testemunhamos um processo de destruição da sua imagem. E o resultado a gente viu, 57 milhões de brasileiros veem nele a esperança do Brasil.”

O ministro ainda aludiu ao pedido de “trégua” que fez à imprensa na sexta-feira (7) para que o novo governo possa “começar a trabalhar”. “A gente sabe que nós vamos errar. Aí quando errar, nós vamos corrigir. Deixa pelo menos começar a trabalhar.”

Onyx sobre caixa dois: “O mais importante é me resolver com Deus”

Na entrevista ao Canal Livre, Onyx afirmou que o mais importante para ele é se “resolver com Deus” sobre o caso do recebimento de caixa dois da JBS. Na sexta, em entrevista coletiva com jornalistas em São Paulo, o ministro disse que “resolver” o caso com a autoridade divina “é importante” para ele.

Segundo delatores da JBS, o futuro chefe da Casa Civil teria recebido R$ 100 mil em 2012 e R$ 200 mil em 2014 para campanhas eleitorais, e ele próprio já admitiu ter usufruído dos recursos. O caso é investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que obteve a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar o caso na semana passada.

Onyx voltou a insistir que errou ao não declarar os valores doados pela JBS, mas disse que o caso não pode ser configurado como corrupção. Durante a entrevista, Onyx mostrou uma tatuagem no braço com um frase bíblica, que teria feito para tentar se aliviar do erro.

“Quando isso [a prática de caixa dois] aconteceu, eu sofri muito. Dentro do que eu acredito, eu entendi que eu tinha que fazer isso. Depois que eu fiz, e depois que eu pude me sentir em paz, eu fiz uma coisa há dois anos. Aqui [mostrando o braço] está o João 8:32: ‘A verdade vos libertará’. Isso é para me lembrar do dia que eu errei. Isso é para mim, não é para sair por aí mostrando.” O mesmo versículo é citado frequentemente pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, desde a campanha eleitoral.

O ministro disse ainda que foi levado a praticar caixa dois por se tratar de uma “regra” em Brasília. E repetiu que a abertura da investigação pela PGR lhe dará a oportunidade de prestar esclarecimentos.

Onyx também afirmou que é um “combatente contra a corrupção” e citou o fato de ter sido relator do projeto das Dez Medidas Contra a Corrupção na Câmara, que acabou fracassando. “Não temo nada. Bolsonaro sabe quem eu sou”, disse.

Em outro momento da entrevista, o ministro elogiou seu futuro colega de Esplanada dos Ministério, o ex-juiz Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública. “Ele chega cedo e sai tarde (do gabinete de transição). A equipe dele está fazendo um trabalho... As informações que temos recebido são excepcionais”, disse Onyx. “(Com o trabalho de Moro) Vamos fechar a torneira da corrução, se Deus quiser.”

Reforma da Previdência: não está definido se ela será fatiada ou não

O futuro ministro da Casa Civil também disse que ainda não está decidido se a proposta da reforma da Previdência do novo governo será enviada ao Congresso de maneira fatiada ou integral. “Essa decisão vai ser tomada pelo presidente com base nos estudos do professor Paulo Guedes [futuro ministro da Economia]”, disse Onyx.

Na semana passada, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que as regras da aposentadoria podem ser modificadas aos poucos, sinalizando que a prioridade seria a determinação de uma idade mínima para solicitar o benefício.

ANÁLISE:Qual é a reforma da Previdência de Jair Bolsonaro?

Onyx ainda desmentiu que o processo de reforma da Previdência será feita ao longo dos quatro anos do governo, como chegou a sugerir na semana passada. “Temos até quatro anos, mas, como tem uma significância muito grande para o equilíbrio fiscal, e isso impacta nos investimentos no Brasil, vamos usar o primeiro ano para fazer a reforma.”

Segundo o futuro ministro da Casa Civil, ainda não há definição sobre a proposta de reforma da Previdência que será enviada ao Congresso, porque Paulo Guedes está fazendo um estudo “profundo” sobre o tema, que inclui separar previdência de assistência social, criar um modelo de capitalização e possibilitar que trabalhadores de diferentes áreas tenham regras específicas.

Organização

Onyx ainda esclareceu qual será o papel da Secretaria-Geral da Presidência da República (chefiada por Gustavo Bebianno), da Secretaria de Governo (sob comando do general Carlos Alberto dos Santos Cruz) e do Ministério da Casa Civil.

Segundo ele, a Secretaria-Geral da Presidência será responsável pela ação de organização do Estado. A Secretaria de Governo vai cuidar das relações federativas e do Programa de Parceria de Investimento (PPI). Já a sua pasta fará acompanhamento e monitoramento do governo, assessoria jurídica para a Presidência e articulação política, com uma secretaria dedicada à Câmara e outra ao Senado.

Para a articulação política, Onyx confirmou que foram convidados parlamentares que não se reelegeram, como os deputados federais Carlos Manato (PSL-ES), Walter Ihoshi (PSD-SP) e Leonardo Quintão (MDB-MG).

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