O governo federal não detalhou como será, na prática, a atuação das forças militares durante a intervenção federal no Rio de Janeiro, anunciada nesta sexta-feira (16).
Em entrevista coletiva após anúncio do presidente Michel Temer, o ministro da Defesa, Raul Jungmann; o interventor federal, general Walter Souza Braga Netto; e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Sérgio Etchegoyen, evitaram se aprofundar sobre o assunto.
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Segundo Jungmann, o formato da intervenção dependerá de um planejamento que ainda será feito e poderá contar com diversos tipos de ação. Deu exemplos: ora será um cerco a uma favela, ora cerco a uma rodovia, ora um bloqueio marítimo.
“Não se descarta nenhuma forma de atuação. Agora, como ela dar-se-á em defesa da população carioca, isso se dará em um planejamento pelo general junto com a secretaria de segurança e com as forças armadas”, disse Jungmann.
O papel do interventor, general Braga Netto, será de representante do presidente Temer. Na explicação de Jungmann, o poder conferido ao interventor é o de “governo”. “Não é apenas o poder de comandar. Quando se faz um GLO [Garantia da Lei e da Ordem], as Forças Armadas assumem o comando da segurança. No caso da intervenção, temos também a possibilidade de mudança, transformação e reestruturação”, explicou.
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Segundo Etchegoyen, o general Braga Netto precisará de algum tempo para definir sua atuação. Avisado da missão na quinta-feira à noite, o general voltou das férias nesta sexta. “Braga Netto será apresentado para cumprir suas atribuições em nome do presidente. Ele está voltando de férias, acabou de chegar em Brasília, vai tomar pé da situação para entender os rumos que vai estabelecer”, disse o ministro.
Ameaça à democracia
Etchegoyen elevou o tom de voz ao responder se a intervenção por militares significaria um enfraquecimento da democracia. “Quanto à ameaça à democracia, eu gostaria de dizer uma coisa como soldado, como militar que fui a minha vida inteira: as Forças Armadas jamais foram ameaça à democracia em qualquer tempo desde a redemocratização, e mesmo no momento em que tivemos alguma instabilidade”, afirmou.
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Em seguida, disse que “ameaça à democracia é incompetência dos estados em fazerem sua tarefa”. “Ao invés de perguntarmos por que as Forças Armadas estão intervindo, temos de perguntar porque as polícias militares não estão cumprindo sua tarefa”, completou.
O general Braga Netto foi cauteloso e econômico em sua fala. Ele participou da entrevista à imprensa em fardamento de combate, camuflado. “Tenho relacionamento muito bom com para de segurança do Rio. Vamos fazer um estudo, conversar com todos. E nossa intenção é fortalecer as ações de segurança no Rio”, disse.
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