O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (2), que o ex-assessor especial da Presidência da República Rodrigo Rocha Loures teria sido alvo de um “engodo” ao receber uma mala com R$ 500 mil de um executivo da JBS. Segundo ele, o presidente Michel Temer espera que o ex-auxiliar mantenha o “padrão ético” que tinha no cargo e não faça uma delação premiada.
“Ele [Temer] acha que o deputado Rodrigo Rocha Loures vai manter esse perfil ético em relação a ele, Michel, que teve durante todo esse tempo. Não há qualquer tipo de preocupação”, disse o ministro, lembrando que o presidente conhece o ex-deputado há 10 anos, inclusive sua “origem familiar”. Em entrevista à revista Istoé, Temer disse duvidar que Rocha Loures o denuncie. “Acho que ele é uma pessoa decente. Eu duvido que ele faça uma delação. E duvido que ele vá me denunciar.”
Padilha disse que não teria como opinar o motivo pelo ex-assessor ter recebido uma mala com R$ 500 mil. Rocha Loures chegou a ser flagrado, em vídeo, correndo com a quantia até um táxi. “Ele é um aliado do Palácio do Planalto, mas o Palácio do Planalto não pode sair atrás de busca de explicação pelos atos de cada uma daquelas pessoas que trabalham no governo, e atos que não dizem respeito à sua atuação como representante do governo.”
Para o ministro da Casa Civil, Rocha Loures “caiu em um engodo” ao ser filmado com a mala de dinheiro. “A versão que nos chegou é que ele caiu em um engodo, que havia a necessidade de gravar ele com essa mala, com esse dinheiro.”
“Convicção absoluta”
Padilha disse ainda que o governo tem “convicção absoluta” de que vai chegar até o final de 2018 com Temer na Presidência. Para ele, a crise política “vem perdendo força”.
“Nós vamos chegar de qualquer forma lá no final de 2018, temos convicção absoluta”, disse o ministro, que justificou que o governo está tendo “vitórias e vitórias no Congresso” e citou as aprovações das sete medidas provisórias na semana passada. “Não posso admitir que não haja nenhuma crise, mas que ela já foi muito mais forte e vem perdendo força é absolutamente indiscutível.”
Sobre o apoio do PSDB, Padilha disse que “no processo político, sempre temos variáveis”, mas que a sigla é governo. “Acreditamos, sim, que vamos contar com o PSDB. Aliás, nós já estamos contando com o PSDB.”
Questionado sobre uma eventual apresentação de denúncia contra Temer por parte da Procuradoria Geral da República (PGR), Padilha lembrou que é preciso que 2/3 da Câmara dos Deputados aprove esta denúncia antes que ela chegue ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Enquanto isso não acontecer, não se discute essa questão de legitimidade”, disse Padilha, que lembrou que a gravação apresentada por Joesley ainda passa por perícia. “Essa denúncia se baseará nesses elementos desta fita e vamos dizer, mais uma vez, que a fita ainda se encontra sob perícia por determinação do STF.”
Encontro fora da agenda
Padilha também comentou na entrevista o encontro fora da agenda entre o presidente e o empresário Joesley Batista, da JBS, e disse que considera a prática “normal”.
“Eu participei de jantares com dirigentes de grandes empresas, grandes grupos empresariais, inclusive de comunicação, que não estavam na agenda do presidente. Chegava de última hora, foi feito contato e foram recebidos. E essa recepção vai até tarde da noite”, justificou o ministro.
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